Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 10 de julho de 2024

Zabel Asatur (Sibil) - Palavras a Deus

A poetisa armênia especula sobre como haveria de ser Deus, se este fosse uma mulher e mãe, a Ele se dirigindo com as características que então lhe seriam inerentes, bem assim os correspondentes impactos que, a seu ver, surgiriam no mundo: mais aprimoradas empatia e compaixão, ênfase redobrada no sustento físico, emocional e espiritual da humanidade, uma maior celebração da vida.

 

Há, de certa forma, a assunção de que uma visão divina feminina poderia também ter uma abordagem preferencial pela manutenção da paz, dada a ética do cuidado prevalecente no comportamento das mulheres, muito embora já tenham existido várias sociedades matrifocais e religiões com deusas como figura central, nas quais ocorreram sérios conflitos, nada assemelhados, contudo, aos da ordem em que se engolfou o mundo nas mais recentes centúrias.

 

J.A.R. – H.C.

 

Zabel Asatur

(Sibil)

(1863-1934)

 

Խօսք Ընդ Աստուծոյ

 

Աստուածաբանութեամբը բարի հոգւոյդ անծայր ու անծիր,

Եթէ դուն մայր ըլլայիր,

Փոխանակ հայր ըլլալու,

Արդեօք աշխարհ չէ՞ր թաւալեր առանց արցունք մը լալու:

 

Դեռ նորածիլ կը մեռնէ՞ր դաշտին ծաղիկն՝ առաթուր

Նախիրներու կաշըմբուռ

Սըմբակին տակ ոգեսպառ.

Աստուածային հոգիդ գըթած եթէ գրգար մայրաբար:

 

Անշուշտ խուժին կը յաղթէր գութը ուժէն ալ արի,

Թըփուտներուն կամ սարի

Թռչնիկն անզէն ու տըկար

Արիւնախանձ ուրուրներուն ճիրանին տակ չէր տըքար:

 

Եթէ դուն մայր ըլլայիր, մարդը կ՛ըլլար անձին տէր,

Ազատ, անկեղծ, անվեհեր.

Երախտիքի բեռան տակ

Հոգին երբեք չէր կորանար անարգ նիւթին նահատակ:

 

Ո՜հ, եթէ մայր ըլլայիր. հանդուրժէի՞ր պիտի լուռ,

Երբ գեղարդին ներքեւ սուր

Կողէն արիւն կը պոռթկար

Յիսուսիդ որ կը պաղատէր. “Գթա՛, մարմինս է տըկար:

 

Եթէ դուն մայր ըլլայիր, բիբովդ անհուն որ բոց էր,

Արդեօք չէի՞ր թափանցեր.

Խորախորհուրդ ալքերուն

Հոգիին որ յաւէտ կ՛ողբայ մարած երազն իր գարուն:

 

Ո՜հ, կ՛ըղձայի, կ՛ըղձայի՝ մայր ըլլայի՜ր պահ մը լոկ

Հանդէպ կեանքին անողոք

Օրէնքներուն անսասան,

Եւ ըզգայի՜ր թէ մեծ սրտէդ մարդիկ ի՜նչ սէր կը յուսան:

 

1924

 

Jovem mãe e seus filhos

(Paul Delaroche: pintor francês)

 

Palavras a Deus

 

Por tua grande e imensa alma divina,

se fosses mãe,

em vez de pai,

o mundo não seria melhor, sem uma lágrima?

 

A flor, que desabrocha nos campos, morreria

brutalmente pisada

pelo gado dos pastos,

se tua alma divina sentisse como mãe?

 

O amor superaria a força bruta;

inermes passarinhos

dos bosques e colinas não seriam

presa das garras do rapaz milhafre.

 

Os homens, fosses mãe, seriam mais nobres,

leais e honestos

em seus propósitos,

livres da escravidão da efêmera matéria.

 

Se fosses mãe, verias, lábios mudos,

o lançaço sangrando

o flanco de teu filho

que implorara: “piedade para a frágil carne”?

 

Não sondaram teus olhos, fosses mãe,

onipresentes, onividentes,

o íntimo das almas

que choram o esvaecer de seus mais belos sonhos?

 

Oxalá fosses mãe por um instante!

Sentirás quanto amor se espera da imensidade de tua alma

nesta vida por demais cruel,

sujeita a leis severas e implacáveis.

 

1924

 

Referências:

 

Em Armênio

 

ԱՍԱՏՈՒՐ, Զապէլ (Սիպիլ). Խօսք ընդ աստուծոյ. Disponível neste endereço. Acesso em: 2 jul. 2024.

 

Em Português

 

ASATUR, Zabel (Sibil). Palavras a Deus. Provável tradução de Yessai Ohannes Kerouzian. In: KEROUZIAN, Yessai Ohannes (Organizador e provável tradutor). A nova poesia armênia. [São Paulo (SP)?]: [s.ed.]; [1982?]. p. 63-64. (Série ‘Armênia’; nº 8)

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