Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 8 de junho de 2024

Yêda O. Schmaltz - 1º Ato: Veni, veni, venias

Com um título a lembrar uma das cantatas da terceira seção de “Carmina Burana”, do compositor alemão Carl Orff (1895-1982), o poema de Yêda arrasta o leitor a um cenário primevo, no qual o “verso” era o manancial de onde tudo jorrava – não exatamente o “verbo”, como se relata no introito do Evangelho de João –, mote para toda uma geração que floresceu entre a dominância do latim e as composições ao toque da lira dos aedos gregos, cujos legítimos herdeiros, podemos dizer assim, são os poetas contemporâneos.

 

Ainda que não se domine completamente o sentido atribuído pela poetisa ao mencionado testemunho deixado por Zambadi, personagem talvez não histórico, senão simbólico de um mundo porventura concernente aos nossos ancestrais em África, pode-se deduzir do texto a referência ao fluxo dos desenvolvimentos na seara da lírica, não exatamente linear, mas dependente do lastro cultural de cada povo, dos idiomas que aperfeiçoaram ao longo do tempo, suas músicas e entretenimentos, seus padrões expressivos.

 

J.A.R. – H.C.

 

Yêda O. Schmaltz

(1941-2003)

 

1º Ato: Veni, veni, venias

 

1

No princípio era o verso,

solto abismo e música

cantada.

Vieram os trovadores,

dores e a mulher amada.

Do nada fez-se

– de onde era treva pura –

a luz da escritura.

 

2

 

Das origens tenho o testemunho

de Zambadi:

que a gente canta e baila

caminhando,

assim, a poesia

a gente vai cantando.

E nós, como os Aedos,

aprendizes do Lácio,

seguiremos sós cantando

Amor e Medo.

 

Homero recitando os seus poemas

(Thomas Lawrence: pintor inglês)

 

Referência:

 

SCHMALTZ, Yêda. 1º Ato: Veni, veni, vênias. In: __________. A ti Áthis. Goiânia, GO: Secretaria de Cultura da Prefeitura de Goiânia, 1988. p. 13.

2 comentários:

  1. Visitando o blog qualificado e campeão, tomo conhecimento desse poema de YÊDA SCHMALTZ, cuja obra, infelizmente desconheço. Vamos procurar por ela. Excelente escolha, como sempre. Parabéns! Que Deus a tenha, pois o registro é de que não está mais entre nós, o que é lamentável em último grau. Vamos conhecer e divulgar. Nosso abraço poético de domingo. (Belo Horizonte, MG - 06/06/2024)

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