Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 4 de junho de 2024

Charlotte Perkins Gilman - A Chegada

Gilman, a autora deste poema, tornou-se mais conhecida pela obra “The Yellow Wallpaper” (“O Papel de Parede Amarelo”), de 1890, um conto semiautobiográfico redigido logo após um forte surto de psicose pós-parto, hoje um dos textos feministas mais importantes da língua inglesa, há bastante tempo traduzido por Diogo Henriques ao português, em publicação pela José Olympio Editora.

 

Nota-se nos versos do poema o engajamento da falante em prol dos direitos da mulher, de autoafirmação e de maior inserção num mercado de trabalho que, a seu ver, respondia então, de forma exacerbada, a uma cultura androcêntrica, a albergar um papel estereotipado para o cônjuge feminino, diga-se explicitamente, cerceador da liberdade, da autonomia e da expansão de suas potencialidades.

 

J.A.R. – H.C.

 

Charlotte Perkins Gilman

(1860-1935)

 

Coming

 

Because the time is ripe, the age is ready,

Because the world her woman’s help demands,

Out of the long subjection and seclusion

Come to our field of warfare and confusion

The mother’s heart and hands.

 

Long has she stood aside, endured and waited,

While man swung forward, toiling on alone;

Now, for the weary man, so long ill-mated,

Now, for the world for which she was created,

Comes woman to her own.

 

Not for herself! though sweet the air of freedom;

Not for herself, though dear the new-born power;

But for the child, who needs a nobler mother,

For the whole people, needing one another,

Comes woman to her hour.

 

Mulheres bretãs espadelando o linho

(Meijer Isaac de Haan: pintor holandês)

 

A Chegada

 

Pois que oportuno o momento, no auge a estação,

Pois que o mundo a assistência da mulher vindica,

Renunciando à sua longa sujeição e reclusão,

Que venham ao nosso campo de luta e contenda

O coração e as mãos da mãe.

 

Por longo tempo esteve à margem, a suportar e esperar,

Enquanto o homem seguia adiante, sozinho na labuta;

Agora, ao exaurido homem, há tempos mal coadjuvado,

Agora, ao mundo para o qual fora ela criada,

Chega a mulher por conta própria.

 

Não para si mesma! ainda que doce a brisa da liberdade;

Não para si mesma, embora benquisto o recém-nato poder;

Mas pela criança, necessitada de uma dignificada mãe,

Por todos os povos, necessitados uns dos outros:

Que venha a mulher, pois que chegada a sua hora.

 

Referência:

 

GILMAN, Charlotte Perkins. Coming. In: __________. Suffrage songs and verses. New York, NY: The Charlton Company, 1911. p. 3.

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