Gilman, a autora
deste poema, tornou-se mais conhecida pela obra “The Yellow Wallpaper” (“O
Papel de Parede Amarelo”), de 1890, um conto semiautobiográfico redigido logo após
um forte surto de psicose pós-parto, hoje um dos textos feministas mais
importantes da língua inglesa, há bastante tempo traduzido por Diogo Henriques ao
português, em publicação pela José Olympio Editora.
Nota-se nos versos do
poema o engajamento da falante em prol dos direitos da mulher, de autoafirmação
e de maior inserção num mercado de trabalho que, a seu ver, respondia então, de
forma exacerbada, a uma cultura androcêntrica, a albergar um papel
estereotipado para o cônjuge feminino, diga-se explicitamente, cerceador da
liberdade, da autonomia e da expansão de suas potencialidades.
J.A.R. – H.C.
Charlotte Perkins
Gilman
(1860-1935)
Coming
Because the time is
ripe, the age is ready,
Because the world her
woman’s help demands,
Out of the long subjection
and seclusion
Come to our field of
warfare and confusion
The mother’s heart
and hands.
Long has she stood
aside, endured and waited,
While man swung
forward, toiling on alone;
Now, for the weary
man, so long ill-mated,
Now, for the world
for which she was created,
Comes woman to her
own.
Not for herself!
though sweet the air of freedom;
Not for herself,
though dear the new-born power;
But for the child,
who needs a nobler mother,
For the whole people,
needing one another,
Comes woman to her
hour.
Mulheres bretãs
espadelando o linho
(Meijer Isaac de Haan:
pintor holandês)
A Chegada
Pois que oportuno o
momento, no auge a estação,
Pois que o mundo a
assistência da mulher vindica,
Renunciando à sua
longa sujeição e reclusão,
Que venham ao nosso
campo de luta e contenda
O coração e as mãos
da mãe.
Por longo tempo
esteve à margem, a suportar e esperar,
Enquanto o homem seguia
adiante, sozinho na labuta;
Agora, ao exaurido homem,
há tempos mal coadjuvado,
Agora, ao mundo para
o qual fora ela criada,
Chega a mulher por conta
própria.
Não para si mesma!
ainda que doce a brisa da liberdade;
Não para si mesma, embora
benquisto o recém-nato poder;
Mas pela criança, necessitada
de uma dignificada mãe,
Por todos os povos, necessitados
uns dos outros:
Que venha a mulher,
pois que chegada a sua hora.
Referência:
GILMAN, Charlotte Perkins. Coming. In: __________. Suffrage songs and verses. New York, NY: The Charlton Company, 1911. p. 3.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário