O poeta substantiva o
“tudo” e o “nada” para criar um soneto a refletir sobre o percurso de uma vida,
agora chegando à sua reta final: a morte parece subtrair qualquer sentido a
esse trânsito carregado de acontecimentos meio fugazes, quase irreais, mas que,
em suma, é a totalidade do que podemos experimentar enquanto seres humanos.
Quando os nossos
olhos já estão pejados de tantos dias, temos a tendência a dar menos valor às
exterioridades e mais ao conteúdo que preenche nosso interior, buscando nas
memórias o correspondente crédito capaz de superar a ideia de insignificância de
nossa existência individual, para assim atingirmos algum conforto espiritual ao
adentrarmos os umbrais da eternidade.
J.A.R. – H.C.
José Hierro
(1922-2002)
Vida
Después de todo, todo
ha sido nada,
a pesar de que un día
lo fue todo.
Después de nada, o
después de todo,
supe que todo no era
más que nada.
Grito “¡Todo!”, y el
eco dice “¡Nada!”.
Grito “¡Nada!”, y el
eco dice “¡Todo!”.
Ahora sé que la nada
lo era todo,
y todo era ceniza de
la nada.
No queda nada de lo
que fue nada.
(Era ilusión lo que
creía todo
y que, en definitiva,
era la nada.)
Qué más da que la
nada fuera nada,
si más nada será,
después de todo,
después de tanto todo
para nada.
Não há vida sem luz
(Jutta Blühberger:
artista austríaca)
Vida
Depois de tudo, tudo
foi um nada,
mesmo que um dia tenha
sido tudo.
Depois de nada, ou
depois de tudo,
soube que tudo não
era mais que nada.
Grito “Tudo!”, porém
o eco diz “Nada!”.
Grito “Nada!”, porém
o eco diz “Tudo”.
Agora atino que o
nada era o tudo,
e o tudo não mais que
cinza do nada.
Nada remanesce do que
foi nada.
(Era a ilusão que se
fiava em tudo,
mas que, decididamente,
era o nada.)
O que importa se nada
fora nada,
se mais nada será,
depois de tudo,
depois de tanto tudo
para nada.
Referência:
HIERRO, José. Vida.
In: __________. José Hierro para niños. Edición preparada por Yolanda
Soler Onís e ilustrada por Jesús Aroca. 1. ed. Madrid, ES: Ediciones de la
Torre, 1998. p. 119. (Colección ‘Alba y Mayo’; Serie ‘Poesía’, n. 50)
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