Nova Iorque é aquele
exagero em tudo a que se propõe, com as suas profusas luzes a revelar a
presença ostensiva de turistas de todas as partes do mundo – sobretudo no
cenário da Times Square –, que ali vão para marcar presença naquele que é um
dos mais conhecidos cartões postais à volta do globo, como se uma nova Meca
fosse.
A “Big Apple” compendia, na visão do poeta, aquilo que se poderia denominar como a “comunidade ideal” num regime capitalista – uma oficina de desperdícios –, muito embora também apresente oportunidades, conveniências ou serviços bem mais à conta, alguns a beirar a gratuidade, a exemplo de bairros agradáveis longe daquele burburinho, pessoas sempre dispostas a conversar, ou mesmo bibliotecas que se mantêm abertas noite adentro.
J.A.R. – H.C.
Tom Disch
(1940-2008)
In Praise of New York
As we rise above it,
row after row
Of lights reveal the
incredible size
Of our loss. An ideal
commonwealth
Would be no
otherwise.
For we can no more
legislate
Against the causes of
unhappiness.
Such as death or
impotence or times
When no one notices,
Than we can abolish
the second law
Of thermodynamics,
which states
That all energy,
without exception, is wasted.
Still, under certain
conditions
It is possible to
move
To a slightly nicer
Neighborhood. Or if
not,
Then at least there
is usually someone
To talk to, or a
library
That stays open till
nine.
And any night you can
see Times Square
Tremulous with its
busloads
Of tourists who are
seeing all of this
For the first and
last time
Before they are flown
Back to the republic
of Azerbaidzhan
On the shore of the
Caspian,
Where for weeks they
will dream of our faces
Drenched with an
unbelievable light.
New York: Times
Square
(Olga Knezevic:
pintora sérvia)
Em Louvor a Nova
Iorque
À medida que nos
guindamos acima dela, fileiras e
mais fileiras
De luzes revelam a
incrível magnitude
De nosso desperdício.
Uma comunidade ideal
Não seria de outra
forma.
Pois já não podemos
legislar
Contra as causas da
infelicidade.
Tal como a morte, a
impotência ou os momentos
Em que ninguém se dá
conta,
Podemos então abolir
a segunda lei
Da termodinâmica, a
afirmar que
Toda energia, sem
exceção, é desperdiçada.
Ainda assim, sob
certas condições,
É possível se mudar
Para um bairro
Um pouco mais
agradável. Ou se não,
Pelo menos,
geralmente, pode haver alguém
Com quem conversar,
ou uma biblioteca
Que permaneça aberta
até as nove.
E em qualquer noite
se pode ver a Times Square
Tremulando com seus
ônibus cheios
De turistas, vendo
tudo isso
Pela primeira e
última vez,
Antes de serem
levados
De volta à República
do Azerbaijão,
Na costa do Mar Cáspio,
Onde, por semanas,
sonharão com nossos rostos
Banhados por uma luz
inacreditável.
Referência:
DISCH, Tom. In praise of New York. In: CHRISTOPHER, Nicholas (Ed.). Walk on the wild side: urban american poetry since 1975. New York, NY: Collier Books, 1994. p. 39.
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