Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Tom Disch - Em Louvor a Nova Iorque

Nova Iorque é aquele exagero em tudo a que se propõe, com as suas profusas luzes a revelar a presença ostensiva de turistas de todas as partes do mundo – sobretudo no cenário da Times Square –, que ali vão para marcar presença naquele que é um dos mais conhecidos cartões postais à volta do globo, como se uma nova Meca fosse.

 

Big Apple compendia, na visão do poeta, aquilo que se poderia denominar como a “comunidade ideal” num regime capitalista – uma oficina de desperdícios –, muito embora também apresente oportunidades, conveniências ou serviços bem mais à conta, alguns a beirar a gratuidade, a exemplo de bairros agradáveis longe daquele burburinho, pessoas sempre dispostas a conversar, ou mesmo bibliotecas que se mantêm abertas noite adentro.

 

J.A.R. – H.C.

 

Tom Disch

(1940-2008)

 

In Praise of New York

 

As we rise above it, row after row

Of lights reveal the incredible size

Of our loss. An ideal commonwealth

Would be no otherwise.

For we can no more legislate

Against the causes of unhappiness.

Such as death or impotence or times

When no one notices,

Than we can abolish the second law

Of thermodynamics, which states

That all energy, without exception, is wasted.

Still, under certain conditions

It is possible to move

To a slightly nicer

Neighborhood. Or if not,

Then at least there is usually someone

To talk to, or a library

That stays open till nine.

And any night you can see Times Square

Tremulous with its busloads

Of tourists who are seeing all of this

For the first and last time

Before they are flown

Back to the republic of Azerbaidzhan

On the shore of the Caspian,

Where for weeks they will dream of our faces

Drenched with an unbelievable light.

 

New York: Times Square

(Olga Knezevic: pintora sérvia)

 

Em Louvor a Nova Iorque

 

À medida que nos guindamos acima dela, fileiras e

mais fileiras

De luzes revelam a incrível magnitude

De nosso desperdício. Uma comunidade ideal

Não seria de outra forma.

Pois já não podemos legislar

Contra as causas da infelicidade.

Tal como a morte, a impotência ou os momentos

Em que ninguém se dá conta,

Podemos então abolir a segunda lei

Da termodinâmica, a afirmar que

Toda energia, sem exceção, é desperdiçada.

Ainda assim, sob certas condições,

É possível se mudar

Para um bairro

Um pouco mais agradável. Ou se não,

Pelo menos, geralmente, pode haver alguém

Com quem conversar, ou uma biblioteca

Que permaneça aberta até as nove.

E em qualquer noite se pode ver a Times Square

Tremulando com seus ônibus cheios

De turistas, vendo tudo isso

Pela primeira e última vez,

Antes de serem levados

De volta à República do Azerbaijão,

Na costa do Mar Cáspio,

Onde, por semanas, sonharão com nossos rostos

Banhados por uma luz inacreditável.

 

Referência:

 

DISCH, Tom. In praise of New York. In: CHRISTOPHER, Nicholas (Ed.). Walk on the wild side: urban american poetry since 1975. New York, NY: Collier Books, 1994. p. 39.

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