Vivemos cercados de
medos, de receios de que não sejamos capazes, por exemplo, de alcançar o tão ambicionado
sucesso – e isso nos retira toda a espontaneidade: o medo, “escavado em nós
desde a infância”, erige barreiras até mesmo para se interagir de modo saudável
e amoroso com as outras pessoas, a pretexto de que possamos nos tornar vulneráveis
de fato.
Somos a “civilização
do medo” trilhando caminhos canhestros: até quando? Em que momento retomaremos
a confiança e, com ela, o caminho mais curto para trazer o céu à terra?! Com
efeito, o amor é a força maior a sintetizar a imagem do “maravilhoso” que se
conquista quando nos abrimos à realização dos mais abnegados propósitos.
J.A.R. – H.C.
Elie Stephenson
(n. 1944)
Un Mot
Un mot
et la peur
Un geste
et la peur
Un rire
et la peur
Un oubli
un regard
un baiser
une danse
une chanson
L’infini des mouvements
des enlacements
des ballets
du corps... du cœur
et la Peur
depuis l’enfance
creusée en Nous
et parce que nous
avons Peur
nous sommes toujours
Prêts
à détruire en
nous-mêmes
l’ombre du
Merveilleux.
Dans: “Catacombes de
soleil” (1979)
Sombras de Verão
(Alice Grimsley:
pintora norte-americana)
Uma Palavra
Uma palavra
e o medo
Um gesto
e o medo
Um riso
e o medo
Um esquecimento
e o olhar
um beijo
uma dança
uma canção
O infinito dos
movimentos
dos abraços
dos balés
do corpo... do
coração
e do Medo
desde a infância
escavado em Nós
e porque nós temos
Medo
nós estamos sempre
Preparados
para destruir em nós
mesmos
a sombra do
Maravilhoso.
Em: “Catacumbas do
sol” (1979)
Referência:
STEPHENSON, Elie. Un
mot / Uma palavra. Tradução de Dennys Silva-Reis. SILVA-REIS, Dennys. Poemas
da Guiana Francesa (Poemas escolhidos de ‘Catacumbas de sol’, de Elie
Stephenson). Cadernos de Literatura em Tradução, DLM/FFLCH/USP, São Paulo (SP),
n. 16 (Especial ‘Negritude e Tradução’), p. 211-226, 2016. Em francês e em
português: p. 224. Disponível neste endereço. Acesso em: 18 set.
2023.
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