Já em idade avançada,
Yeats, nestes versos, enfatiza o quanto é terrível chegar à região outonal da
vida, carregada de amarguras e rigores, depois de muitas promessas benfazejas
em seus primeiros estágios, as quais, a bem da verdade, não se concretizaram,
tudo porque a vida é um jogo de resultados imprevisíveis.
Se o falante chega a refletir
sobre tais vicissitudes, decerto é porque incorreu em muitas desilusões e
espera poder alertar os mais jovens para esse lado amargo da experiência
humana, circunstante frente à variabilidade e aos contratempos fomentados pela
passagem do tempo – “esse grande escultor”, como diria a escritor belga Marguerite
Yourcenar (1903-1987).
J.A.R. – H.C.
W. B. Yeats
(1865-1939)
Why Should Not Old
Men Be Mad?
Why should not old
men be mad?
Some have known a
likely lad
That had a sound
fly-fisher’s wrist
Turn to a drunken
journalist;
A girl that knew all
Dante once
Live to bear children
to a dunce;
A Helen of social
welfare dream,
Climb on a wagonette
to scream.
Some think it a
matter of course that chance
Should starve good
men and bad advance,
That if their
neighbours figured plain,
As though upon a
lighted screen,
No single story would
they find
Of an unbroken happy
mind,
A finish worthy of
the start.
Young men know
nothing of this sort,
Observant old men
know it well;
And when they know
what old books tell
And that no better
can be had,
Know why an old man
should be mad.
In: “Last Poems” (1938-1939)
Rei Lear e o bobo da
corte
(William Holmes
Sullivan: pintor inglês)
Por que os velhos não
deveriam enlouquecer?
Por que os velhos não
deveriam enlouquecer?
Alguns conheceram, transformado
nesse jornalista alcoólatra,
O rapaz agradável,
pulso firme de pescador.
A moça que conhecida
toda a obra de Dante
E vive agora par dar
filhos a um ignorante;
Helena, que sonhava
assistir os necessitados,
E se esconde no
furgão para chorar.
Alguns acham natural
que a sorte
Faça os bons passarem
fome e os maus prosperarem,
Que se os vizinhos
pensassem bem,
Vendo as coisas como
uma tela iluminada,
Nunca encontrariam
felizes
Os que partiram
assim.
Disso os jovens não
têm ideia,
Como os velhos que
sabem observar;
E quando aprendem o que
consta dos velhos livros
O melhor que se deve
esperar,
Sabem, então, por que
um velho deveria enlouquecer.
Em: “Últimos Poemas” (1938-1939)
Referências:
Em Inglês
YEATS, W. B. Why should
not old men be mad? In: __________. Collected poems: complete &
unabridged. Wiht an introduction by Robert Mighall. London, EN: MacMillan,
2016. p. 445. (“MacMillan Collector’s Library”)
Em Português
YEATS, W. B. Por que os velhos não deveriam enlouquecer? Tradução de Sérgio Bath. In: BRONOWSKI, Jacob. O olho visionário: ensaios sobre arte, literatura e ciência. Seleção de textos por Piero E. Ariotti e Rita Bronowski. Tradução de Sérgio Bath. Brasília, DF: Editora da UnB, 1998. p. 159-160.
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