Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 14 de junho de 2023

W. B. Yeats - Por que os velhos não deveriam enlouquecer?

Já em idade avançada, Yeats, nestes versos, enfatiza o quanto é terrível chegar à região outonal da vida, carregada de amarguras e rigores, depois de muitas promessas benfazejas em seus primeiros estágios, as quais, a bem da verdade, não se concretizaram, tudo porque a vida é um jogo de resultados imprevisíveis.

 

Se o falante chega a refletir sobre tais vicissitudes, decerto é porque incorreu em muitas desilusões e espera poder alertar os mais jovens para esse lado amargo da experiência humana, circunstante frente à variabilidade e aos contratempos fomentados pela passagem do tempo – “esse grande escultor”, como diria a escritor belga Marguerite Yourcenar (1903-1987).

 

J.A.R. – H.C.

 

W. B. Yeats

(1865-1939)

 

Why Should Not Old Men Be Mad?

 

Why should not old men be mad?

Some have known a likely lad

That had a sound fly-fisher’s wrist

Turn to a drunken journalist;

A girl that knew all Dante once

Live to bear children to a dunce;

A Helen of social welfare dream,

Climb on a wagonette to scream.

Some think it a matter of course that chance

Should starve good men and bad advance,

That if their neighbours figured plain,

As though upon a lighted screen,

No single story would they find

Of an unbroken happy mind,

A finish worthy of the start.

Young men know nothing of this sort,

Observant old men know it well;

And when they know what old books tell

And that no better can be had,

Know why an old man should be mad.

 

In: “Last Poems” (1938-1939)

 

Rei Lear e o bobo da corte

(William Holmes Sullivan: pintor inglês)

 

Por que os velhos não deveriam enlouquecer?

 

Por que os velhos não deveriam enlouquecer?

Alguns conheceram, transformado nesse jornalista alcoólatra,

O rapaz agradável, pulso firme de pescador.

A moça que conhecida toda a obra de Dante

E vive agora par dar filhos a um ignorante;

Helena, que sonhava assistir os necessitados,

E se esconde no furgão para chorar.

Alguns acham natural que a sorte

Faça os bons passarem fome e os maus prosperarem,

Que se os vizinhos pensassem bem,

Vendo as coisas como uma tela iluminada,

Nunca encontrariam felizes

Os que partiram assim.

Disso os jovens não têm ideia,

Como os velhos que sabem observar;

E quando aprendem o que consta dos velhos livros

O melhor que se deve esperar,

Sabem, então, por que um velho deveria enlouquecer.

 

Em: “Últimos Poemas” (1938-1939)

 

Referências:

 

Em Inglês

 

YEATS, W. B. Why should not old men be mad? In: __________. Collected poems: complete & unabridged. Wiht an introduction by Robert Mighall. London, EN: MacMillan, 2016. p. 445. (“MacMillan Collector’s Library”)

 

Em Português

 

YEATS, W. B. Por que os velhos não deveriam enlouquecer? Tradução de Sérgio Bath. In: BRONOWSKI, Jacob. O olho visionário: ensaios sobre arte, literatura e ciência. Seleção de textos por Piero E. Ariotti e Rita Bronowski. Tradução de Sérgio Bath. Brasília, DF: Editora da UnB, 1998. p. 159-160.

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