Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 20 de junho de 2023

Albert Einstein – “Sentimentos quase místicos diante do mistério do universo”

Primeiramente, uma explicação: a epígrafe desta postagem acha-se grafada entre aspas, em razão de que se trata de sentença literal redigida por Renée Weber (1929-2017) (WEBER, [1990], p. 247), professora alemã de filosofia e teosofia, a adjetivar as palavras de Einstein, físico teórico, abaixo transcritas.

 

Percebe-se, com efeito, certo lampejo místico nestes ‘insights’ de Einstein, plenos de reverência em relação àquilo que, na realidade, ainda não se compreende, não se esclarece e nem se especifica, mas que se intui em seu mistério, mesmo em sua beleza, a preceder, momentaneamente, as epifânicas conquistas de desvelamento, de descoberta das “leis” do universo.

 

J.A.R. – H.C.

 

Albert Einstein

(1879-1955)

 

The most beautiful emotion we can experience is the mystical. It is the power of all true art and science. He to whom this emotion is a stranger is as good as dead. To know that what is impenetrable to us really exists, manifesting itself as the highest wisdom and the most radiant beauty, which our dull faculties can comprehend only in their most primitive forms this knowledge, this feeling, is at the center [of] true religiousness. In this sense, and in this sense only, I belong to the ranks of devoutly religious men...

A human being is part of the whole... He experiences himself, his thoughts and feelings as something separated from the rest – a kind of optical delusion of his consciousness. This delusion is a kind of prison for us, restricting us to our personal desires and to affection for a few persons nearest us. Our task must be to free ourselves from this prison by widening our circle of compassion to embrace all living creatures, and the whole [of] nature in its beauty. Nobody is able to achieve this completely, but the striving for such achievement is, in itself, a part of the liberation and a foundation for inner security. (EINSTEIN apud WEBER, 1986, p. 203)(*)

 

Jornada ao espaço sideral

(Tithi Luadthong: artista tailandês)

 

A mais bela emoção de que somos capazes é a mística. Ela é a força de toda arte e ciência verdadeiras. Aquele que não a experimenta está praticamente morto. Saber que o que é impenetrável para nós de fato existe, manifestando-se como a sabedoria maior e mais preclara formosura, que nossas toscas faculdades só podem captar em sua forma mais primitiva – esse conhecimento, esse sentimento está no centro da verdadeira religiosidade. Nesse sentido, e apenas nele, pertenço ao grupo dos homens devotamente religiosos...

Um ser humano é parte do todo... Ele experimenta a si mesmo, a seus pensamentos e a seus sentimentos como algo separado do resto – uma espécie de ilusão de óptica de sua consciência. Tal ilusão constitui uma prisão para nós, restringindo-nos a nossos desejos pessoais e à afeição por umas poucas pessoas que nos cercam. Nossa tarefa deve consistir em quebrar essas cadeias, ampliando nosso círculo de compaixão para abarcar todas as criaturas vivas e a totalidade da natureza em sua beleza. Ninguém é capaz de fazer isso plenamente, mas o esforço já é, em si, parte da libertação e uma base para a segurança interior. (EINSTEIN apud WEBER, [1990], p. 247-248)

 

Nota:

 

(*). Trata-se, de fato, de transcrição com interpolações de pensamentos de Albert Einstein, insertos, dentre outras, na seguinte obra (EINSTEIN, 1960, p. 11 e ss.):

 

EINSTEIN, Albert. Ideas and opinions. Based on ‘Mein Weltbild’. Edited by Carl Seelig and other sources. New translations and revisions by Sonja Bargmann. 5th print. New York, NY: Groıon Publisher, feb. 1960.

 

Referências:

 

Em Inglês

 

WEBER, Renée. Dialogues with scientists and sages: the search for unity. 1st publ. London and New York: Routledge & Kegan Paul, 1986.

 

Em Português

 

WEBER, Renée. Diálogos com cientistas e sábios: a busca da unidade. Tradução de Gilson Cesar Cardoso de Sousa. 1. ed. São Paulo, SP: Cultrix, [1990].

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