Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 12 de junho de 2023

Attila József - Homem de Verdade

Delirantes ordens a partes de seu corpo são emitidas pelo falante, como se o estivesse pulverizando por todas as partes do universo – afinal, a digressão move-se até Saturno! –, talvez com isso pretendendo dizer que, mesmo uma vez finado, seu nome (leia-se ‘sua obra’) há de perdurar “bem ereto, entre os jacentes e retorcidos mortos”.

 

Os versos, é claro, são imaginosos e tencionam firmar a ideia de prestígio e celebridade do autor para bem além de sua pátria. Afinal, trata-se de um humano propósito a presunção de fazer ressoar na eternidade algo que se ligue de modo tão íntimo à presença, entre nós, de alguém que tenha realizado obra de notável distinção.

 

J.A.R. – H.C.

 

Attila József

(1905-1937)

 

Igaz Ember

 

Szemeim, ti fényfejő parasztnők,

Fordítsátok ki a sajtárokat,

Nyelvem, szép szál kurjantós legény,

Hadd abba hát a kubikolást,

Állat, szaladj belőlem Ázsiába

Izzadó erdők gyökereihez,

Gerincem, szédülj az Eiffel-torony alá,

Szigonyod a szagot elkerülje,

Orrom, vitorlázó grőnlandi halász,

Kezeim, Rómába zarándokoljatok,

Lábaim, árokba rugdossátok egymást,

Szolgáltassátok be a cíntányérokat,

Füleim, a cíntányérokat!

Combom, ugorj Ausztráliába,

Te harmatos-rózsaszínű fiahordó,

Gyomrom, te könnyű léggömb,

Repülj a Szaturnuszig, a Szaturnuszra!

Mert úgyis kilépek számszélire

S íves kiáltással füleikbe ugrom,

Mert fölhúzták már a megállt órákat,

Mert ívlámpákként ragyognak majd a falvak,

Mert fehérre meszelik a városokat

És csigolyáim szétgurulhatnak a világba,

Én már akkor is egyenesen állok

A görbén heverő halottak között.

 

1924. máj.

 

Sem título

(Musa Katchhi: artista indiano)

 

Homem de Verdade

 

Olhos meus, vós, camponesas leiteiras que ordenhais a luz,

Ponde ao revés os vossos baldes;

Língua minha, esbelto e caprichoso rapaz,

Cessa a labuta de picareta e pá;

Membros, fugi de mim para a Ásia,

Até as raízes de sufocantes florestas;

Coluna vertebral, queda-te em vertigem sob a Torre Eiffel;

Evita o exalar do teu arpão,

Nariz meu, velejante pescador da Groenlândia;

Mãos, fazei uma peregrinação a Roma;

Pés, desferi chutes um ao outro para dentro de uma vala;

Submetei-vos e entregai vossos címbalos,

Ouvidos, vossos címbalos!

Coxas, saltai rumo à Austrália,

Vós, marsupiais cor-de-rosa;

Estômago meu, infla um balão

E voa para Saturno, para Saturno!

Porque, seja como for, hei de sair pela borda de minha boca

E, com um grito em curva, saltarei até vossos ouvidos;

Porque aos relógios parados já se lhes deu corda;

Porque então as aldeias brilharão como lâmpadas a arco;

Porque estão a caiar de branco as cidades;

E mesmo que minhas vértebras possam rolar pelo mundo,

Ainda assim estarei de pé, bem ereto,

Entre os jacentes e retorcidos mortos.

 

Maio de 1924

 

Referência:

 

JÓZSEF, Attila. Igaz Ember. In: __________. Összes művei. I. Versek: 1922-1928. Sajtó alá rendezte Waldapfel József és Szabolcsi Miklós. Budapest, HU: Akadémiai Kiadó, 1955. p. 166. Disponível neste endereço. Acesso em: 8 jun. 2023.

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