Delirantes ordens a
partes de seu corpo são emitidas pelo falante, como se o estivesse pulverizando
por todas as partes do universo – afinal, a digressão move-se até Saturno! –,
talvez com isso pretendendo dizer que, mesmo uma vez finado, seu nome (leia-se ‘sua
obra’) há de perdurar “bem ereto, entre os jacentes e retorcidos mortos”.
Os versos, é claro, são
imaginosos e tencionam firmar a ideia de prestígio e celebridade do autor para
bem além de sua pátria. Afinal, trata-se de um humano propósito a presunção de fazer
ressoar na eternidade algo que se ligue de modo tão íntimo à presença, entre
nós, de alguém que tenha realizado obra de notável distinção.
J.A.R. – H.C.
Attila József
(1905-1937)
Szemeim, ti fényfejő parasztnők,
Fordítsátok ki a sajtárokat,
Nyelvem, szép szál kurjantós legény,
Hadd abba hát a kubikolást,
Állat, szaladj belőlem Ázsiába
Izzadó erdők gyökereihez,
Gerincem, szédülj az Eiffel-torony alá,
Szigonyod a szagot elkerülje,
Orrom, vitorlázó grőnlandi halász,
Kezeim, Rómába zarándokoljatok,
Lábaim, árokba rugdossátok egymást,
Szolgáltassátok be a cíntányérokat,
Füleim, a cíntányérokat!
Combom, ugorj Ausztráliába,
Te harmatos-rózsaszínű fiahordó,
Gyomrom, te könnyű léggömb,
Repülj a Szaturnuszig, a Szaturnuszra!
Mert úgyis kilépek számszélire
S íves kiáltással füleikbe ugrom,
Mert fölhúzták már a megállt órákat,
Mert ívlámpákként ragyognak majd a falvak,
Mert fehérre meszelik a városokat
És csigolyáim szétgurulhatnak a világba,
Én már akkor is egyenesen állok
A görbén heverő halottak között.
1924. máj.
Sem título
(Musa Katchhi:
artista indiano)
Homem de Verdade
Olhos meus, vós,
camponesas leiteiras que ordenhais a luz,
Ponde ao revés os
vossos baldes;
Língua minha, esbelto
e caprichoso rapaz,
Cessa a labuta de picareta
e pá;
Membros, fugi de mim
para a Ásia,
Até as raízes de
sufocantes florestas;
Coluna vertebral, queda-te
em vertigem sob a Torre Eiffel;
Evita o exalar do teu
arpão,
Nariz meu, velejante
pescador da Groenlândia;
Mãos, fazei uma
peregrinação a Roma;
Pés, desferi chutes
um ao outro para dentro de uma vala;
Submetei-vos e entregai
vossos címbalos,
Ouvidos, vossos
címbalos!
Coxas, saltai rumo à
Austrália,
Vós, marsupiais
cor-de-rosa;
Estômago meu, infla
um balão
E voa para Saturno,
para Saturno!
Porque, seja como
for, hei de sair pela borda de minha boca
E, com um grito em curva,
saltarei até vossos ouvidos;
Porque aos relógios
parados já se lhes deu corda;
Porque então as aldeias
brilharão como lâmpadas a arco;
Porque estão a caiar de
branco as cidades;
E mesmo que minhas
vértebras possam rolar pelo mundo,
Ainda assim estarei de
pé, bem ereto,
Entre os jacentes e
retorcidos mortos.
Maio de 1924
Referência:
JÓZSEF, Attila. Igaz Ember. In: __________. Összes művei. I. Versek: 1922-1928. Sajtó alá rendezte Waldapfel József és Szabolcsi Miklós. Budapest, HU: Akadémiai Kiadó, 1955. p. 166. Disponível neste endereço. Acesso em: 8 jun. 2023.
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