Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 13 de abril de 2023

Paolo Volponi - O fim do verão

O final do verão é fatal para alguns animais – no caso, os artrópodes que o poeta menciona, a saber, insetos, escorpião, aranha –, e mesmo os astros se comportam de modo a refletir algo pouco estável no firmamento, a exemplo de “estrelas de caudas venenosas”.

 

Há um certo sentido funesto pressuposto pelo falante nesse findar de estação, muito bem demarcado pelos dois últimos tercetos do poema. Aquilo que já atingiu o seu apogeu pressagia agora o início do fim, com a colheita dos frutos das videiras: o sujeito lírico há de se satisfazer com as pelotas de sal preparadas pelos guardiões das vinhas.

 

J.A.R. – H.C.

 

Paolo Volponi

(1924-1994)

 

La fine dell’estate

 

Muoiono stasera

gl’insetti che recavano lampade

alle mie chiare notti

lungo il fiume;

ahimè che li uccide

in agonia segreta tra il fogliame

il primo ritornello di vento.

 

Cosi lo scorpione rubino

che il tetano d’agosto

rizzava sulla pietra

è un gioiello appannato

e il grillo porta la notte

d’innumeri stelle graffita

al meriggio della cicala.

 

La fine dell’estate

mi sorprende antico;

come la roccia immobile

sopporto il trapasso,

essa ch’altro non muta

che un occhio di muschio

e un’ombra di colore.

Sul mio sguardo

fisso nella corrente

come per uno scoglio

l’acqua s’increspa;

(vi dondola un ragno

l’ultime acrobazie).

 

Ogni istante in silenzio

nel cielo si completa

un astro dalla coda velenosa.

 

Ormai i guardiani delle vigne

preparano per me

i loro colpi di sale.

 

Fim do verão

(Karen Clark: pintora norte-americana)

 

O fim do verão

 

Morrem esta noite

os insetos que traziam lâmpadas

a minhas noites claras

ao longo do rio;

que pena, mata-os

em secreta agonia, entre a folhagem,

o primeiro estribilho do vento.

 

Assim, o escorpião escarlate,

que o espasmo de agosto

guindou sobre a pedra,

é uma joia despolida,

e o grilo traz a noite

de inumeráveis estrelas grafitadas

ao meio-dia da cigarra.

 

O fim do verão

me surpreende antigo;

como a rocha imóvel

suporta o trespasse,

que não muda nada mais

que um broto de musgo

e um tom de cor.

Em meu olhar,

fixo na corrente

como por um recife,

a água se encrespa;

(uma aranha remexe-se ali

em suas últimas acrobacias).

 

A cada instante, em silêncio,

no céu se completa

uma estrela da cauda venenosa.

 

Agora os guardiões dos vinhedos

preparam para mim

as suas pelotas de sal.

 

Referência:

 

VOLPONI, Paolo. La fine dell’estate. In: SMITH, Lawrence R. (Editor and Translator). The new italian poetry: 1945 to the present. A Bilingual Anthology: Italian x English. Berkeley, CA: University of California Press, 1981. p. 158.

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