Alpes Literários

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Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 2 de abril de 2023

Olga Savary - Comunhão

A voz lírica explica ao leitor porque se detém a escrever, mais explicitamente, para entrar em “comunhão” com o seu público alvo, oferecendo-lhe os “frutos” de suas criações, uma visão da mansuetude de seus “escaninhos” espirituais, tornando-se assim “completa” por meio dessa abertura ao outro, desse zelo em se entregar ao labor poético.

 

Assim, a falante preenche o que lhe falta, atingindo o sentido maior de ser uma metafórica árvore, não “só raiz e caule”, mas também ramos com frutos e nichos de sombra como abrigo, para, desse modo, alcançar afinidades na harmonia da troca, no poder de multiplicar, de reproduzir estados líricos plenos de encanto, de beleza, de graça.

 

J.A.R. – H.C.

 

Olga Savary

(1933-2020)

 

Comunhão

 

Por que escrevo?

Porque sou

pouco e mínima

embora vária,

porque não me basto,

escrevo

para compensar

a falta,

porque não quero ser

só raiz e haste

e preciso do outro

para dar sombra

e fruto.

 

Conexões

(Paul Covaci: artista romeno)

 

Referência:

 

SAVARY, Olga. Comunhão. In: HENRIQUES NETO, Afonso (Seleção e Prefácio). Roteiro da poesia brasileira: anos 70. São Paulo, SP: Global, 2009. p. 31. (Coleção ‘Roteiro da poesia brasileira’)

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