Neste monólogo se antevê
a celebridade que está reservada no futuro ao falante, muito certamente o
próprio escritor, que recebeu a láurea do Nobel em 1929, quando já contava 54
anos: é um sonho de glória que alguns homens alentam desde pequenos, porque
percebem em si uma força e um potencial a convocá-los para uma grandeza de
propósitos.
Soberba ou presunção,
pouco importa, se houver efetiva materialização do precitado potencial, cuidando
para se fazer valer o império do “daemon” interior: desnecessário arrazoar que,
no caso do escritor alemão, legou ele um repertório consistente de grandes
obras literárias e ensaísticas, vinculado, como se sabe, aos grandes temas do
século XX.
J.A.R. – H.C.
Thomas Mann
(1875-1955)
Monolog
Ich bin ein
kindischer und schwacher Fant,
Und irrend schweift
mein Blick in alle Runde,
Und schwankend fass’
ich jede starke Hand.
Und dennoch regt die
Hoffnung sich im Grunde,
Daß etwas, was ich
dachte und empfand,
Mit Ruhm einst gehen
wird von Mund zu Munde.
Schon klingt mein
Name leise in das Land,
Schon nennt ihn
mancher in des Beifalls Tone, –
Und Leute sind’s von
Urteil und Verstand.
Ein Traum von einer
schmalen Lorbeerkrone
Scheucht oft den
Schlaf mir, unruhvoll, zur Nacht,
Der meine Stirn einst
zieren wird zum Lohne
Für dies und jenes,
das ich gut gemacht.
Monólogo
(Elisha Ben Yitzhak:
artista israelense)
Monólogo
O que sou é um
singelo e fraco infante,
Cujo olhar vagueia em
toda direção,
E que aperta as mãos
fortes oscilante.
Sinto, porém, no
fundo, a aspiração
De que algo do que
pensei e senti
Vá um dia com fama de
sala a salão.
Meu nome já se ouve
aqui e ali –
Pessoas já o aplaudem
no coração,
Discutem e
compreendem o que escrevi.
Um sonho com uma bela
coroa de louros
Não falha em tirar-me
o sono, no breu,
Que me ornará a
fronte em dias vindouros,
Por isto ou aquilo
que se mostrou meu.
Referência:
MANN, Thomas. Monolog
/ Monólogo. Tradução de Augusto Rodrigues. Universidade de São Paulo /
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/USP). Cadernos de
literatura em tradução, n. 9, 2008, p. 219-229. Em alemão: p. 225; em
português: p. 226. Disponível neste endereço. Acesso em: 12 jun.
2022.
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