Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 5 de junho de 2022

Nicolas Behr - Drummond Brasiliensis

Até pelo título, o poema de Behr dialoga em franca intertextualidade com os versos do já hoje clássico “E agora, José?”, de Drummond, sendo que, em específico, o poeta mato-grossense indaga à capital federal o que haveria de levar a cabo, porque o mais comum dos seus Josés cogita, como muitos, em ir embora de Brasília – uma urbe em situação-limite, que, para línguas ferinas, teria o aeroporto como o seu melhor destino. (rs)

 

Mas, claro, Brasília já hoje é uma das maiores metrópoles do Brasil, com suficiente energia autônoma para se poder usufruir de qualidade de vida, embora os seus preços estejam, em média, acima dos do país. O aeroporto, de qualquer modo, mantém-se franco para quem se dispuser a vagar pelo mundo, explico-me melhor, é um dos melhores ‘hubs’ para os que pretendem jornadear pelas terras de Pindorama ou pelo estrangeiro.

 

J.A.R. – H.C.

 

Nicolas Behr

(n. 1958)

 

Drummond Brasiliensis

 

Brasília, e agora?

com o avião na pista,

quer levantar voo,

não existe voo...

quer se afogar no lago

mas o lago secou...

quer falar com o presidente

mas este viajou...

quer se esconder no cerrado,

o cerrado acabou...

quer ir pra Goiás,

Goiás não há mais...

 

Brasília, e agora?

 

Brasília:

Catedral e os Quatro Evangelistas

(Carlos Bracher: pintor mineiro)

 

Referência:

 

BEHR, Nicolas. Drummond brasiliensis. In: __________. Poesília: pau-brasília. Brasília, DF: Teixeira Editora, 2010. p. 25.

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