Com um título latino
a fazer alusão ao modo como trafegam ou passam os automóveis particulares pelas
ruas do Rio de Janeiro (RJ), o poeta enfatiza neste poema o fato de os cariocas
terem a mania de querer “levar vantagem” em tudo, mesmo no trânsito,
desrespeitando faixas, pardais ou outras sinalizações, incorrendo em infrações “em
cada esquina”, tudo para sempre estarem numa posição de ‘pole-position’.
Mas diante da inevitável
persecução da polícia aos infratores, veem-se disparadas que acabam por colocar
em risco a integridade de outros condutores e de pedestres: diversamente a tais
despropósitos, o ente lírico, diariamente, “passa os cariocas para trás”, na
tranquilidade e na obediência às regras de circulação, “vibrando a lança em
prol do estilo”.
J.A.R. – H.C.
Gilberto Mendonça
Teles
(n. 1931)
Sic Transit
Diariamente,
passo os cariocas
para trás:
com a mania de levar
vantagem,
dão sempre um passo a
mais
desrespeitando as
faixas e os pardais.
O que lhes interessa
não é bem
o vermelho ou o verde
que não veem
e sim o pole-position
da largada,
o charme da infração
em cada esquina,
mas só saem mesmo em
disparada
se ouvem o toque de
caça da buzina.
Tranquilo
e obediente,
eu saio sempre à
frente
vibrando a lança
em prol do estilo.
Em: “Arabiscos” (2002)
Corrida de carros turbinados
(Robert Williams:
artista norte-americano)
Referência:
TELES, Gilberto
Mendonça. Sic transit. In: __________. Melhores poemas de Gilberto Mendonça
Teles. Seleção de Luiz Busatto. 4. ed. São Paulo, SP: Global, 2007. p. 281.
(Coleção ‘Melhores Poemas’)
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