Mesmo não sendo estrela
de primeira grandeza, bela e radiante num céu noturno, a pessoa de quem fala a poetisa, seguindo a linha metafórica adotada nos versos, mantém-se como um ponto
de orientação a marujos em alto-mar, permitindo-lhes seguir o curso previamente
traçado, ainda que sob ventanias e borrascas.
Adentrando um pouco o
domínio da astronomia, imaginando que a poetisa esteja se referindo a estrelas
orientadoras presentes no firmamento do Hemisfério Norte, a alegoria empregada
bem se ajusta bem ao contexto da Estrela Polar (ou Estrela do Norte), da constelação
Ursa Menor, praticamente fixa no céu noturno, servindo como referência do sentido
norte para a navegação marítima.
J.A.R. – H.C.
Hilda Doolittle (H. D.)
(1886-1961)
Stars Wheel in Purple
Stars wheel in
purple, yours is not so rare
as Hesperus, nor yet
so great a star
as bright Aldebaran
or Sirius,
nor yet the stained
and brilliant one of War; (*)
stars turn in purple,
glorious to the sight;
yours is not gracious
as the Pleiads are,
nor as Orion’s
sapphires, luminous;
yet disenchanted,
cold, imperious face,
when all the others
blighted, reel and fall,
your star, steel-set,
keeps lone and frigid tryst
to freighted ships,
baffled in wind and blast.
Paisagem com Estrelas
(Henri-Edmond Cross:
pintor francês)
No Púrpura Giram as
Estrelas
No púrpura giram as estrelas;
a tua não é tão rara
quanto Héspero, nem tão
grande estrela
como as radiantes
Aldebarã ou Sírio,
tampouco ainda a da
Guerra, maculada e reluzente.
no púrpura gravitam as
estrelas, gloriosas à vista;
a tua não é tão
graciosa como são as Plêiades,
nem luminosa quanto as
safiras de Órion;
contudo, fria e desencantada,
com imperiosa face,
enquanto todas as
outras se estiolam, vacilam e caem,
tua estrela, inabalável,
mantém encontro solitário e frígido
com navios de carga, desorientados
sob o vento e a borrasca.
Nota:
(*). Especulando acerca
de qual luzeiro melhor se adaptaria ao designativo “estrela da guerra”, suponho
tratar-se do planeta Marte, quase sempre presente como uma estrela avermelhada
no início da noite, na direção nordeste, ou, ainda, Antares, da constelação de
Escorpião, também uma estrela possante e avermelhada.
Referência:
DOOLITTLE, Hilda (H.
D.). Stars wheel in purple. In: __________. Collected poems: 1912-1944.
Edited by Louis L. Martz. New York, NY: New Directions, 1983. p. 283-284.
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