Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Alice Ruiz - queria tanto

Mesmo os anelos por potencial escrita de um poema podem se tornar poemas: a prova aqui está! Material como a do similar “Poesia” de Drummond. Se o poema não vem de uma forma, vem por outra, como rio em cujas águas se refletem as elucubrações do poeta (no caso, da poetisa curitibana), acerca de seu próprio ofício.

 

Ainda que se centre o exame dos versos no refluir da anáfora “queria tanto”, não há que se descuidar que as próprias linhas já se encontram permeadas pela cobiçada poesia, porque mesmo a distância a um ponto definido no tempo ou no espaço, em relação a um dado propósito estético, já comporta suficientes linhas de força impregnadas pela beleza.

 

J.A.R. – H.C.

 

Alice Ruiz

(n. 1946)

 

queria tanto

 

queria tanto

fazer um poema hoje

uma canção que fosse

digna desse dia

com suas cores

brilhos e brisas

 

queria tanto

que esse poema me quisesse

e me fizesse um mimo

me desfazendo em risos

 

queria tanto

esse dia em versos

meu coração

deste bem diverso

para sempre

conservado

em seu próprio encanto

 

Em: “Vice versos” (1988)

 

Desejo II

(Rajasekharan Parameswaran: artista indiano)

 

Referência:

 

RUIZ S., Alice. queria tanto. In: __________. Dois em um. 1. reimp. São Paulo, SP: Iluminuras, 2008. p. 37.

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