Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 10 de abril de 2022

T. S. Eliot - Uma Dedicatória a Minha Esposa

Este poema, redigido originalmente em 1955, foi concluído três anos depois, sendo, então, incorporado como um introito à última peça de Eliot, “The Elder Statesman” (“O Velho Estadista”), representada em 1958, durante o “Festival de Edimburgo”, mas que somente veio a público no ano seguinte.

 

Os versos de Eliot expressam toda a paixão que sentia por sua segunda esposa, Valerie, com quem, de fato, se casaria em 1957: em sua sensualidade e transparente erotismo, tratam-se de belas linhas que não se perfilam ao padrão mais “cerebrino” das criações do poeta e, a par de redigidas em sua última década de vida, mais parecem a avaliação arrebatada de um jovem cônjuge, ainda não salgado pelas provas maiores de um relacionamento matrimonial.

 

J.A.R. – H.C.

 

T. S. Eliot

(1888-1965)

 

A Dedication to My Wife

 

To whom I owe the leaping delight

That quickens my senses in our wakingtime

And the rhythm that governs the repose of our sleepingtime,

the breathing in unison.

 

Of lovers whose bodies smell of each other

Who think the same thoughts without need of speech,

And babble the same speech without need of meaning…

 

No peevish winter wind shall chill

No sullen tropic sun shall wither

The roses in the rose-garden which is ours and ours only

 

But this dedication is for others to read:

These are private words addressed to you in public.

 

Destino

(Dedicado à minha primeira esposa)

(Fritz Baumann: pintor suíço)

 

Uma Dedicatória a Minha Esposa

 

A quem devo o súbito prazer

Que me estimula os sentidos nas horas acordadas

E o ritmo que nos governa o repouso nas horas dormidas.

A respiração em uníssono

 

Dos amantes cujos corpos cheiram um ao outro

Que pensam os mesmos pensamentos sem precisar de palavras

E balbuciam as mesmas palavras sem precisar de sentido.

 

Nenhum vento de inverno impertinente vai gelar

Nenhum sol de trópico rabugento vai fazer murchar

As rosas no rosal que é nosso que é só nosso

 

Mas esta dedicatória é para outros lerem:

São palavras reservadas dirigidas a você em público.

 

Referência:

 

ELIOT, T. S. A dedication to my wife / Uma dedicatória a minha esposa. Tradução de Lara Fernanda Teles. In: PAES, José Paulo (Organização, Nota Liminar e Posfácio). Transverso: coletânea de poemas traduzidos. Edição bilíngue. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1988. Em inglês: p. 72; em português: p. 73. (Coleção ‘Viagens da Voz’)

Nenhum comentário:

Postar um comentário