Este poema, redigido
originalmente em 1955, foi concluído três anos depois, sendo, então, incorporado
como um introito à última peça de Eliot, “The Elder Statesman” (“O Velho
Estadista”), representada em 1958, durante o “Festival de Edimburgo”, mas que
somente veio a público no ano seguinte.
Os versos de Eliot expressam
toda a paixão que sentia por sua segunda esposa, Valerie, com quem, de fato, se
casaria em 1957: em sua sensualidade e transparente erotismo, tratam-se de
belas linhas que não se perfilam ao padrão mais “cerebrino” das criações do
poeta e, a par de redigidas em sua última década de vida, mais parecem a
avaliação arrebatada de um jovem cônjuge, ainda não salgado pelas provas
maiores de um relacionamento matrimonial.
J.A.R. – H.C.
T. S. Eliot
(1888-1965)
A Dedication to My
Wife
To whom I owe the
leaping delight
That quickens my
senses in our wakingtime
And the rhythm that governs
the repose of our sleepingtime,
the breathing in
unison.
Of lovers whose
bodies smell of each other
Who think the same
thoughts without need of speech,
And babble the same
speech without need of meaning…
No peevish winter
wind shall chill
No sullen tropic sun
shall wither
The roses in the
rose-garden which is ours and ours only
But this dedication
is for others to read:
These are private
words addressed to you in public.
Destino
(Dedicado à minha
primeira esposa)
(Fritz Baumann:
pintor suíço)
Uma Dedicatória a
Minha Esposa
A quem devo o súbito
prazer
Que me estimula os
sentidos nas horas acordadas
E o ritmo que nos
governa o repouso nas horas dormidas.
A respiração em
uníssono
Dos amantes cujos
corpos cheiram um ao outro
Que pensam os mesmos
pensamentos sem precisar de palavras
E balbuciam as mesmas
palavras sem precisar de sentido.
Nenhum vento de
inverno impertinente vai gelar
Nenhum sol de trópico
rabugento vai fazer murchar
As rosas no rosal que
é nosso que é só nosso
Mas esta dedicatória
é para outros lerem:
São palavras
reservadas dirigidas a você em público.
Referência:
ELIOT, T. S. A
dedication to my wife / Uma dedicatória a minha esposa. Tradução de Lara
Fernanda Teles. In: PAES, José Paulo (Organização, Nota Liminar e Posfácio). Transverso:
coletânea de poemas traduzidos. Edição bilíngue. Campinas, SP: Editora da Unicamp,
1988. Em inglês: p. 72; em português: p. 73. (Coleção ‘Viagens da Voz’)
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