Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 29 de abril de 2022

Helena Coleman - À Medida Que o Dia Começa a Declinar

Poetisa, escritora e musicista canadense, Coleman recorre, neste soneto, a imagens como a de a de um dia que se desvanece no ocaso ou a de um mar que se atravessou e de onde já se vislumbra a margem de destino, comumente empregadas para metaforizar uma existência que se aproxima do fim.

 

Há receios diante desse Vale de Sombras e a falante passa a lidar, em seu espírito, com sentimentos ambivalentes de ternura e de dor. Mas é nesse ponto de maior negror, em que as sombras não se afastam, tampouco se aproximam, que a alma se sente em estado de potencial ventura para irromper num voo, em meio à luz superior de outras matinadas.

 

J.A.R. – H.C.

 

Helena Coleman

(1860-1953)

 

As Day Begins to Wane

 

Encompassed by a thousand nameless fears,

I see life’s little day begin to wane,

And hear the well-loved voices call in vain

Across the narrowing margin of my years;

 

And as the Valley of the Shadow nears,

Such yearning tides of tenderness and pain

Sweep over me that I can scarce restrain

The gathering flood of ineffectual tears.

 

Yet there are moments when the shadows bring

No sense of parting or approaching right,

But, rather, all my soul seems broadening

Before the dawn of unimagined light –

As if within the heart a folded wing

Were making ready for a wider flight.

 

O Ocaso

(Thomas Moran: pintor anglo-americano)

 

À Medida Que o Dia Começa a Declinar

 

Rodeada por mil medos sem nome,

Vejo que o pequeno dia da vida começa a se desvanecer,

E escuto as bem-amadas vozes me chamando em vão

Através da margem cada vez mais estreita de meus anos;

 

E à medida que se aproxima o Vale das Sombras,

Tais marés anelantes de ternura e dor

Me invadem de tal forma que mal posso conter

A torrente de baldadas lágrimas que se acumulam.

 

No entanto, há momentos em que as sombras não trazem

Qualquer sensação precisa de afastamento ou proximidade,

Mas, pelo contrário, toda a minh’alma parece se expandir

Antes do alvorecer de uma luz inimaginável –

Como se, dentro do coração, uma asa arqueada

Estivesse a se preparar para um voo mais amplo.

 

Referência:

 

COLEMAN, Helena (1860-1953). As day begins to wane. In: Garvin, John William (Ed.). Canadian poets. Toronto, CA: McClelland, Goodchild & Stewart Publishers, 1916. p. 212.

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