Com alguma dose de coloquialismo, nem
sempre presente nos poemas de Frost, o tema deste poema − melhor dizendo,
soneto − centra-se na união do casal e na gênese que se partilha com a flora da
terra, natural e reservadamente, para que se possa discernir o daninho do
profícuo, a cizânia ou a desarmonia da expressão mais amorosa e coesiva.
De uma semente que se fincou à terra,
espera-se que se desenvolva forte e saudável, para o bem das futuras gerações e
a sensação de dever cumprido por quem a semeou: é a continuidade da criação
pela recriação, um fecundar o mundo para dar cumprimento à ordem de “crescei e multiplicai-vos”,
pois do amor jamais se dirá que um dia perece.
J.A.R. – H.C.
Robert Frost
(1874-1963)
Putting in the Seed
You come to fetch me
from my work to-night
When supper’s on the
table, and we’ll see
If I can leave off
burying the white
Soft petals fallen
from the apple tree
(Soft petals, yes,
but not so barren quite,
Mingled with these,
smooth bean and wrinkled pea);
And go along with you
ere you lose sight
Of what you came for
and become like me,
Slave to a Springtime
passion for the earth.
How Love burns
through the Putting in the Seed
On through the
watching for that early birth
When, just as the
soil tarnishes with weed,
The sturdy seedling
with arched body comes
Shouldering its way
and shedding the earth crumbs.
In: “Mountain
Interval” (1916)
O semeador
(Vincent van Gogh:
pintor holandês)
Semeando
Vens me tirar de meu
noturno ofício
À hora certa do
jantar; mas, verás,
Não poderás
impedir-me o vício
De enterrar, da
macieira, as pétalas
(simples pétalas,
sim, mas não sozinhas,
misturadas que estão
ao feijão e ao milho)
E te fazer esquecer o
que te traz
Aqui e te tornar,
assim, tão isso,
Similar a mim, amante
da terra.
Sim, o Amor está no
semear e nisso
De esperar e ver
brotar aquelas
Que vão manchar,
daninhas, o solo difícil
Da arqueada e forte
muda, pequena dona
De ombros que
empurram as coisas da terra.
In: “Pausa na
Montanha” (1916)
Referência:
FROST, Robert. Putting in the seed /
Semeando. Tradução de Dirlen Loyolla. In: LOYOLLA, Dirlen. Poemas de Robert
Frost. Belas Infiéis, v. 1, n. 1, p. 221-222, 2012. p. 222. Disponível neste endereço. Acesso em: 27 set.
2020.
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