Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 19 de setembro de 2020

Guimarães Júnior - Visita à casa paterna

O ente lírico, depois de uma “longa e tenebrosa” ausência, retorna à casa paterna, onde revive lembranças da mãe e das irmãs... e cai em prantos: não se diz, mas pressupõe-se que, pelo menos, os pais já não estejam entre os vivos e isso lhe traz à boca um sabor de saudade dos ternos momentos ali vividos, em companhia dos entes queridos.

Há certa frequência em tais ocorrências: quase sempre em famílias mais ou menos numerosas, depois de falecidos os pais, os filhos encaminhados aos destinos, longe ou perto, que lhes trouxe a vida, a casa dos pais vem a ser herdada por um do(a)s descendentes, geralmente aquele(a) mais ligado às experiências do passado, num esforço de preservação da história familiar.

J.A.R. – H.C.

Guimarães Júnior
(1847-1898)

Visita à casa paterna

Como a ave que volta ao ninho antigo,
Depois de um longo e tenebroso inverno,
Eu quis também rever o lar paterno,
O meu primeiro e virginal abrigo.

Entrei. Um gênio carinhoso e amigo,
O fantasma, talvez, do amor materno,
Tomou-me as mãos, olhou-me grave e terno,
E passo a passo caminhou comigo.

Era esta a sala.... (Oh! se me lembro, e quanto!)
Em que, da luz noturna à claridade...
Minhas irmãs e minha mãe... O pranto

Jorrou-me em ondas... Resistir quem há de?
Uma ilusão gemia em cada canto,
Chorava em cada canto uma saudade.

Minha casa paterna
(Vicky Andriotis: pintora grega)

Referência:

GUIMARÃES JÚNIOR, Luiz Caetano Pereira. Visita à casa paterna. In: OLIVEIRA, Alberto de (Edição e seleção). Páginas de ouro da poesia brasileira. Rio de Janeiro: H. Harnier, 1911. p. 302.

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