Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Evandro do Carmo Camargo - Do Verbo Resignar

O autor do infratranscrito poema nasceu em 1978 e reside, aparentemente, em Ilhabela (SP): isso é quase tudo que se pode acessar da biografia do poeta na grande rede, afora, por dedução aos seus versos, o ceticismo em relação a um estado de felicidade sobre a Terra − esperança que quase nunca se concretiza. O melhor, segundo o autor, seria ter calma para a dura realidade que, de uma forma ou de outra, nos assombrará nos derradeiros momentos de nossas vidas.

A ideia é quase uma aceitação dos pressupostos estoicos, com um imaginário raciocínio a contrário senso: esperemos pelo pior! Se menos que isso nos sobrevier, tanto melhor. Ou como naquele ditado enunciado às avessas: “De onde menos se espera, é de lá que não vem mesmo!” Mas se, de fato, vier, que tenha o condão de nos atenuar o sofrimento e o desconforto pelos males da idade.

J.A.R. – H.C.

Ilustração de A. Mimura
para o poema em referência

Do Verbo Resignar

Tenha calma.
Não seja tão ansioso.
A vida não tem pressa.
Dia após dia, ano após ano, ruga após ruga,
Espere tranquilo.
A felicidade não virá.
A vida é feita de falsas esperanças.
Não se apresse.
Envileça lentamente,
Apodreça aos poucos, corpo e mente.
Evite mágoas e desilusões muito profundas,
Isso pode causar úlcera, dizem.
Ou um câncer, quem sabe?
E aí, seus últimos dias sobre a Terra
Serão mais desconfortáveis do que normalmente são.

Resignação
(Autoria desconhecida:
presumivelmente alemã)

Referência:

CAMARGO, Evandro do Carmo. Do verbo resignar. In: Subversa: literatura luso-brasileira. Rio de Janeiro (RJ), v. 2, n. 6, abr. 2015, p. 24. Disponível neste endereço. Acesso em: 30 jun. 2020.

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