O autor do infratranscrito poema nasceu
em 1978 e reside, aparentemente, em Ilhabela (SP): isso é quase tudo que se
pode acessar da biografia do poeta na grande rede, afora, por dedução aos seus
versos, o ceticismo em relação a um estado de felicidade sobre a Terra −
esperança que quase nunca se concretiza. O melhor, segundo o autor, seria ter
calma para a dura realidade que, de uma forma ou de outra, nos assombrará nos
derradeiros momentos de nossas vidas.
A ideia é quase uma aceitação dos
pressupostos estoicos, com um imaginário raciocínio a contrário senso: esperemos
pelo pior! Se menos que isso nos sobrevier, tanto melhor. Ou como naquele ditado
enunciado às avessas: “De onde menos se espera, é de lá que não vem mesmo!” Mas
se, de fato, vier, que tenha o condão de nos atenuar o sofrimento e o desconforto
pelos males da idade.
J.A.R. – H.C.
Ilustração de A.
Mimura
para o poema em
referência
Do Verbo Resignar
Tenha calma.
Não seja tão ansioso.
A vida não tem
pressa.
Dia após dia, ano
após ano, ruga após ruga,
Espere tranquilo.
A felicidade não
virá.
A vida é feita de
falsas esperanças.
Não se apresse.
Envileça lentamente,
Apodreça aos poucos,
corpo e mente.
Evite mágoas e
desilusões muito profundas,
Isso pode causar
úlcera, dizem.
Ou um câncer, quem
sabe?
E aí, seus últimos
dias sobre a Terra
Serão mais
desconfortáveis do que normalmente são.
Resignação
(Autoria
desconhecida:
presumivelmente
alemã)
Referência:
CAMARGO, Evandro do Carmo. Do verbo
resignar. In: Subversa: literatura luso-brasileira. Rio de Janeiro (RJ),
v. 2, n. 6, abr. 2015, p. 24. Disponível neste endereço. Acesso em: 30 jun.
2020.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário