Um poema de Ammons dedicado a Ralph W.
Emerson, famoso escritor, filósofo e poeta norte-americano, buscando afirmar a
aliança de pensamentos e filosofia de vida entre os dois autores, o primeiro como
se um pássaro ou algo capaz de voar fosse, o segundo simbolizado por uma pedra,
quiçá a própria lápide onde jazem os restos mortais de Emerson.
O ente lírico espera compartilhar pedra
e voo com o finado pensador, sendo necessário que um se abaixe e outro se erga
para que a distância entre ambos se encurte: seja como for, a poesia de Ammons não
deixa de apresentar forte influência, em sua temática, dos luminares “transcendentalistas”,
como Emerson e Whitman, num estilo e numa abordagem artística, contudo, muito
particulares.
J.A.R. – H.C.
A. R. Ammons
(1926-2001)
Emerson
The stone longs for
flight,
the flier for a bead,
even
a grain, of
connective stone:
which is to say, all
flight, of imaginative
hope or
fact, takes accuracy
from stone:
without the bead the
flier
released from
tension has no true
to gauge his motions
in:
assured and terrified
by
its cold weight, the
stone
can feather the
thinnest
possibility of
height:
that you needed
to get up and I down
leaves us both still
sharing stone and
flight.
In: “Diversifications”
(1975)
Ralph Waldo Emerson
(1803-1882)
Emerson
A pedra aspira por
voar,
o que voa por uma
conta, até mesmo
um grânulo, de uma
pedra conectiva:
o que significa dizer
que todo
voo, factual ou de
imaginativa
esperança, ampara-se
na precisão da pedra:
sem a conta, o que
voa,
liberado da
tensão, não tem
parâmetros para
calibrar seus
movimentos no voo:
segura e pávida pelo
seu frio peso, a
pedra
pode reduzir a mais
diminuta
possibilidade de
altura:
impõe-se que
te ergas e eu desça,
para que ambos ainda
compartilhemos pedra
e voo.
Em: “Diversificações”
(1975)
Referência:
AMMONS, A. R. Emerson. In: PORTE, Joel;
MORRIS, Saundra (Sels. & Eds.). Emerson’s prose and poetry. New
York, NY; London, EN: W. W. Norton & Company, 2001. p. 654. (A Norton
Critical Edition)
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