Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

D. H. Lawrence - Pax

Muita intuição se percebe na “Pax” caseira de Lawrence, onde um bichano vive em sintonia com o seu dono (ou dona) e o Deus da Vida, muito embora o propósito do poeta seja, induvidosamente, alcançar a ideia de uma “Pax” universal, segura e calma, com o potencial de pôr em equilíbrio e sintonia toda a criação − ou por outra, sem contradições, no caso da humanidade, entre instintos e intelecto.

Em nossa “infinita reserva de possibilidades”, cabe a cada um ultrapassar as limitações impostas pelo egocentrismo ou mesmo pelo solipsismo, para que, todos juntos, possamos criar um “mundo novo”: “Os homens devem aprender a servir não ao dinheiro, mas à vida. (...) O homem somente é perfeitamente humano quando é capaz de olhar além da humanidade!”, pondera Lawrence (2002, p. 542), em um de seus mais sublimes “Pansies” (“Pensamentos”).

J.A.R. – H.C.

D. H. Lawrence
(1885-1930)

Pax

All that matters is to be at one with the living God
to be a creature in the house of the God of Life.

Like a cat asleep on a chair
at peace, in peace
and at one with the master of the house, with the mistress,
at home, at home in the house of the living,
sleeping on the hearth, and yawning before the fire.

Sleeping on the hearth of the living world
yawning at home before the fire of life
feeling the presence of the living God
like a great reassurance
a deep calm in the heart
a presence
as of the master sitting at the board
in his own and greater being,
in the house of life.

In: “Last poems” (1932)

O orgulho de Dijon
(William J. Hennessy: pintor irlandês)

Pax

Tudo o que importa é estar em paz com o Deus vivo,
ser uma criatura na morada do Deus da vida.

Como um gato dormindo na cadeira
em paz, tão em paz,
de bem com o dono da casa, com a dona,
em casa, à vontade, na casa dos vivos,
dormindo junto à lareira, bocejando ao pé do fogo.

Dormindo junto à lareira do mundo vivo,
bocejando no lar ao pé do fogo da vida,
sentindo a presença do Deus vivo
como uma imensa segurança,
profunda calma no coração,
uma presença,
como a do dono da casa, sentado à mesa
na plenitude de seu ser,
na morada da vida.

Em: “Últimos poemas” (1932)

Referências:

LAWRENCE, D. H. Pax / Pax. Tradução de Aíla de Oliveira Gomes. In: __________. Alguma poesia. Seleção, tradução e introdução de Aíla de Oliveira Gomes. Edição bilíngue. São Paulo, SP: T. A. Queiroz, 1991. Em inglês: p. 184; em português: p. 185. (‘Biblioteca de Letras e Ciências Humanas’; série 2ª, textos; v. 6)

LAWRENCE, D. H. Service. In: __________. The complete poems of D. H. Lawrence. Whit an introduction and notes by David Ellis. Ware, HE (EN): Wordsworth Editions, 2002. (‘The Wordsworth Poetry Library’)
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