Tudo se modernizou no cenário do presépio da natividade, agora iluminado
pelo efeito de raios laser, desde a estrela-guia dos pastores e magos até as oferendas destes últimos ao menino: miríades de luzes artificiais, oriundas de
parafernálias que nem de longe se cogitavam há cerca de dois mil anos.
A poetisa deplora, ademais, a adulteração do ambiente pastoril onde
Cristo teria nascido, agora já não mais a contar com a presumível vegetação e
os animais à volta. Se duvidar, em tal presépio, não há mais espaço para os
pastores – uma vez que, como se enfatiza, os animais
sumiram...
J.A.R. – H.C.
Yeda Pratis Bernes
(n. 1926)
Presépio Moderno
Uma estrela-guia
de laser.
Na manjedoura
– mãos ao alto –
um menino.
Os animais,
a vegetação,
onde estão?
Três reis
e suas oferendas
de nêutrons.
A Virgem Amamentando o Bebê
(Lucas Cranach, o
Velho: pintor alemão)
Referência:
BERNIS, Yeda Prates. Presépio moderno.
In: __________. Cantata: antologia
poética. Belo Horizonte, MG: Ed. da autora, 2004. p. 53.
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