Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Carlos Drummond de Andrade - A Outra Porta do Prazer

Qual seria a outra porta do prazer a que o poeta itabirano alude? Haveria dúvidas nessa metáfora? Julgo que não! Há quem faça visitas frequentes adentrando essa porta. Há quem, de modo algum, se permite visitas por essa via. Tudo é uma questão de apelo, convencimento, liberação ou resistência.

Mas veja-se lá se estou aqui a conjecturar sobre coisas íntimas que, em épocas de redes sociais desabridas, vêm à baila com certa frequência: volta e meia aparecem figuras a veicular suas preferências eróticas aos quatro ventos e, o pior, é que há audiência atenta a tais exposições. Mas haveria audiência às sensualíssimas palavras do poeta?

J.A.R. – H.C.

Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987)

A Outra Porta do Prazer

A outra porta do prazer,
porta a que se bate suavemente,
seu convite é um prazer ferido a fogo
e, com isso, muito mais prazer.

Amor não é completo se não sabe
coisas que só amor pode inventar.
Procura o estreito átrio do cubículo
aonde não chega a luz, e chega o ardor
de insofrida, mordente
fome de conhecimento pelo gozo.

O Espectro do Apelo Sexual
(Salvador Dalí: pintor espanhol)

Referência:

ANDRADE, Carlos Drummond. A outra porta do prazer. In: __________. O amor natural. São Paulo, SP: Círculo do Livro, 1992. p. 56.

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