Nem mesmo à vista de que a sua noiva havia sido comida por um “crocodilo”,
o cientista purista, com um sorriso no rosto, deixou de retificar o seu guia quando
este o informou, equivocadamente, de que a amada havia se transformado em suculento
alimento para um “jacaré”.
O lado jocoso do poema levou-me a associá-lo, ainda que meio ao largo,
àquelas pessoas que, sendo contrariadas em seus argumentos, recorrem à
preciosidade ou à exatidão das terminologias (sem demérito, contudo, ao uso
parcimonioso delas), para sustentar um ponto de vista infenso ao de seus
interlocutores.
J.A.R. – H.C.
Ogden Nash
(1902-1971)
The Purist
I give you now
Professor Twist,
A conscientious
scientist,
Trustees exclaimed, “He
never bungles!”
And sent him off to
distant jungles.
Camped on a tropic
riverside,
One day he missed his
loving bride.
She had, the guide
informed him later,
Been eaten by an
alligator.
Professor Twist could
not but smile.
“You mean,” he said, “a
crocodile.”
Espantosa
(William B.
Montgomery: pintor norte-americano)
O Purista
Confio-lhes agora o
Professor Twist,
Um consciencioso cientista,
Pelo que exclamaram
os mandatários:
“Ele nunca se equivoca!”
E o enviaram a selvas
distantes.
Acampado em uma
ribeira tropical,
Um dia ele sentiu
falta de sua amada noiva.
Ela, informou-lhe o
guia mais tarde,
Havia sido comida por
um jacaré.
O Professor Twist não
pôde evitar o sorriso.
“Queres dizer”,
afirmou, “um crocodilo.”
Referência:
NASH, Ogden. The purist. In: MOLLOY,
Paul (Ed.). 100 plus american poems.
6th printing. New York, NY: Scholastic Book Services, 1973. p. 156.
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