Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 17 de novembro de 2019

Theodor Fontane - Os Velhos e os Jovens

O poema retrata a comum percepção de que as gerações mais jovens exibem padrões de comportamento e de valores diferentes das suas predecessoras, não apenas nuances, mas contrastes fundamentais, das quais se poderia deduzir uma consistente história de como elas entram em conflito e evoluem no tempo.

Mas a par de todas as arestas, há quem, como o compositor Belchior em “Como os nossos pais” (1976), chegue à conclusão, na maturidade, de que somos o mais puro reflexo de nossos pais: “Minha dor é perceber / que apesar de termos feito / tudo o que fizemos / ainda somos os mesmos e vivemos / como os nossos pais”.

J.A.R. – H.C.

Theodor Fontane
(1819-1898)
Retrato de Carl Breitbach

Die Alten und die Jungen

“Unverständlich sind uns die Jungen”
Wird von den Alten beständig gesungen;
Meinerseits möcht ich’s damit halten:
“Unverständlich sind mir die Alten.”
Dieses am Ruder bleiben Wollen
In allen Stücken und allen Rollen,
Dieses sich unentbehrlich Vermeinen
Samt ihrer “Augen stillem Weinen”,
Als wäre der Welt ein Weh getan –
Ach, ich kann es nicht verstahn.
Ob unsre Jungen, in ihrem Erdreisten,
Wirklich was Besseres schaffen und leisten,
Ob dem Parnasse sie näher gekommen
Oder bloß einen Maulwurfshügel erklommen,
Ob sie, mit andern Neusittenverfechtern,
Die Menschheit bessern oder verschlechtern,
Ob sie Frieden sä’n oder Sturm entfachen,
Ob sie Himmel oder Hölle machen –
E I N S läßt sie stehn auf siegreichem Grunde:
Sie haben den Tag, sie haben die Stunde;
Der Mohr kann gehn, neu Spiel hebt an,
Sie beherrschen die Szene, sie sind dran.

Enquanto os velhos cantam,
os novos tocam gaita
(Jacob Jordaens: pintor flamengo)

Os Velhos e os Jovens

“Incompreensíveis nos são os jovens”
É constantemente cantado pelos velhos;
Da minha parte quero o seguinte colocar:
“Incompreensíveis me são os velhos”.
Esse querer ficar no comando
Em todas as peças e todos os papéis,
Esse se considerar imprescindível
Juntamente com o “chorar silencioso de seus olhos”,
Como se tivesse sido feito um agravo ao mundo –
Ah, eu não consigo entender.
Se nossos jovens, em seu atrevimento,
Realmente criam e contribuem com algo melhor,
Se chegaram mais perto do Parnaso
Ou se somente escalaram um monte de toupeiras,
Se eles, com outros defensores de novos costumes,
Melhoram ou pioram a humanidade,
Se eles semeiam paz ou desencadeiam tempestades,
Se fazem céu ou inferno –
U M A coisa os deixa estar sobre base vitoriosa:
Eles têm o dia, eles têm a hora;
O mouro pode ir, nova peça começa,
Eles dominam a cena, eles estão na vez.

Referência:

FONTANE, Theodor. Die alten und die jungen / Os velhos e os jovens. Tradução de Dionei Mathias. In: (n.t.) Revista Literária em Tradução. Florianópolis, SC. Edição bilíngue semestral, ano 8, n. 14, 1. vol., jun. 2017. Em alemão: p. 34; em português: p. 54. Disponível neste endereço. Acesso em: 21 set. 2019.

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