O poema retrata a comum percepção de que as gerações mais jovens exibem
padrões de comportamento e de valores diferentes das suas predecessoras, não
apenas nuances, mas contrastes fundamentais, das quais se poderia deduzir uma
consistente história de como elas entram em conflito e evoluem no tempo.
Mas a par de todas as arestas, há quem, como o compositor Belchior em “Como
os nossos pais” (1976), chegue à conclusão, na maturidade, de que somos o mais
puro reflexo de nossos pais: “Minha dor é perceber / que apesar de termos feito
/ tudo o que fizemos / ainda somos os mesmos e vivemos / como os nossos pais”.
J.A.R. – H.C.
Theodor Fontane
(1819-1898)
Retrato de Carl
Breitbach
Die Alten und die Jungen
“Unverständlich sind
uns die Jungen”
Wird von den Alten
beständig gesungen;
Meinerseits möcht
ich’s damit halten:
“Unverständlich sind
mir die Alten.”
Dieses am Ruder
bleiben Wollen
In allen Stücken und
allen Rollen,
Dieses sich
unentbehrlich Vermeinen
Samt ihrer “Augen
stillem Weinen”,
Als wäre der Welt ein
Weh getan –
Ach, ich kann es
nicht verstahn.
Ob unsre Jungen, in
ihrem Erdreisten,
Wirklich was Besseres
schaffen und leisten,
Ob dem Parnasse sie
näher gekommen
Oder bloß einen
Maulwurfshügel erklommen,
Ob sie, mit andern Neusittenverfechtern,
Die Menschheit
bessern oder verschlechtern,
Ob sie Frieden sä’n
oder Sturm entfachen,
Ob sie Himmel oder
Hölle machen –
E I N S läßt sie
stehn auf siegreichem Grunde:
Sie haben den Tag,
sie haben die Stunde;
Der Mohr kann gehn,
neu Spiel hebt an,
Sie beherrschen die
Szene, sie sind dran.
Enquanto os velhos cantam,
os novos tocam gaita
(Jacob Jordaens:
pintor flamengo)
Os Velhos e os Jovens
“Incompreensíveis nos
são os jovens”
É constantemente
cantado pelos velhos;
Da minha parte quero
o seguinte colocar:
“Incompreensíveis me
são os velhos”.
Esse querer ficar no
comando
Em todas as peças e
todos os papéis,
Esse se considerar
imprescindível
Juntamente com o
“chorar silencioso de seus olhos”,
Como se tivesse sido
feito um agravo ao mundo –
Ah, eu não consigo
entender.
Se nossos jovens, em
seu atrevimento,
Realmente criam e
contribuem com algo melhor,
Se chegaram mais
perto do Parnaso
Ou se somente
escalaram um monte de toupeiras,
Se eles, com outros
defensores de novos costumes,
Melhoram ou pioram a
humanidade,
Se eles semeiam paz
ou desencadeiam tempestades,
Se fazem céu ou
inferno –
U M A coisa os deixa
estar sobre base vitoriosa:
Eles têm o dia, eles
têm a hora;
O mouro pode ir, nova
peça começa,
Eles dominam a cena,
eles estão na vez.
Referência:
FONTANE, Theodor. Die alten und die jungen
/ Os velhos e os jovens. Tradução de Dionei Mathias. In: (n.t.)
Revista Literária em Tradução.
Florianópolis, SC. Edição bilíngue semestral, ano 8, n. 14, 1. vol., jun. 2017.
Em alemão: p. 34; em português: p. 54. Disponível neste endereço. Acesso em: 21 set.
2019.
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