Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Julia Fehrenbacher - A Cura para Tudo Isso

Uma lição de desapego, de fé inabalável sobre o que simplesmente se nos apresenta no dia a dia, sem buscas irrazoáveis sobre algo que nos faça ser diferentes do que somos: os preceitos de Fehrenbacher buscam permitir que “o rio disso tudo” flua, pulse, palpite através de cada um de nós.

Eis aqui uma poesia “medicinal”, para um mundo que precisa de “cura”: fala-se, indiretamente, sobre o poder da meditação para que nos tornemos mais calmos e capazes de nos concentrar em uma coisa de cada vez, sem apreensões por algo que, eventualmente, deixe de ser feito. Afinal, não somos como um Deus, senão humanos em nossas limitações. Aproveitemos o dia: “Carpe diem”!

J.A.R. – H.C.

Julia Fehrenbacher
(a recitar o próprio poema)

The Cure For It All

Go gently today, don’t hurry
or think about the next thing. Walk
with the quiet trees, can you believe
how brave they are – how kind? Model your life
after theirs. Blow kisses
at yourself in the mirror

especially when
you think you’ve messed up. Forgive
yourself for not meeting your unreasonable
expectations. You are human, not
God – don’t be so arrogant.

Praise fresh air
clean water, good dogs. Spin
something from joy. Open
a window, even if
it’s cold outside. Sit. Close
your eyes. Breathe. Allow

the river
of it all to pulse
through eyelashes
fingertips, bare toes. Breathe in
breathe out. Breathe until

you feel
your bigness, until the sun
rises in your veins. Breathe
until you stop needing
anything
to be different.

Garota diante de um espelho
(Pablo Picasso: pintor espanhol)

A Cura para Tudo Isso

Vá com calma hoje, não se apresse
nem pense sobre a próxima coisa a fazer.
Caminhe em companhia das árvores tranquilas,
você seria capaz de acreditar o quão intrépidas elas são
– o quão amáveis? Modele a sua vida segundo a delas.
Mande beijos a si mesmo diante do espelho,

especialmente quando
você pensar que se equivocou. Perdoe-se
por não cumprir com suas expectativas
exorbitantes. Você é humano, não um
Deus – não seja tão arrogante.

Seja grato ao ar fresco,
à água limpa, aos zelosos cães. Experimente
algo que lhe traga alegria. Abra
uma janela, mesmo que
esteja frio lá fora. Sente-se. Feche
os olhos. Respire. Permita

que o rio
disso tudo pulse
através das pestanas,
pontas dos dedos, os desnudos dedos dos pés. Inspire,
expire. Respire até

sentir
a sua grandeza, até que o sol
ascenda por suas veias. Respire
até que deixe de necessitar
de algo
para ser diferente.

Referência:

FEHRENBACHER, Julia. The cure for it all. In: COLE-DAI, Phyllis; WILSON, Ruby R. (Eds.). Poetry of presence: an anthology of mindfulness poems. West Hartford, CT: Grayson Books, 2017. p. 40.

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