Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Leonard Cox - A Bailarina

Do poeta autor do poema de hoje pouco há na grande rede, senão apenas a informação de que nasceu na Inglaterra, em 1898, e que, depois, radicou-se no Canadá. Quanto ao poema, deduz hipóteses que seriam capazes de se extrair do bailado de uma graciosa dançarina, a saber, associações aos estágios criadores da natureza, materialização da ordem verbal do artesão divino.

Mas a morte seria mesmo o estágio de transposição a um “mais nobre alento”, um sopro em outras narinas que já não estariam expostas às contingências e misérias deste mundo? Só mesmo entrando nesse bailado, para poder dele extrair todas as inferências capazes de suscitar tantos estados de encantamento e fabulações!

J.A.R. – H.C.

Vestíbulo de Dança da Ópera
na Rua Le Peletier
(Edgar Degas: pintor francês)

The Ballet Dancer

She danced as though she saw the earth’s creation
And heard the Word that sent a wild unrest
Over the sea – a strange and hot elation
Through clay and rock, toward the tree and nest.
She danced as though she watched the world responding,
Inevitably, as blossoms one by one,
Answer the fruitful, anxious earth’s commanding,
And leave new beauty for the summer sun.

She danced as though she saw a great procession
Of splendid hopes and great despairs of men,
Which in her rhythms took a new expression,–
Of truth’s bright treasures a sweet specimen.
She danced as though she knew at heart that death
Meant but creation of a nobler breath...

O Estúdio de Dança
(Edgar Degas: pintor francês)

A Bailarina

Ela bailou como se presenciasse a criação da terra
E ouvisse a Palavra que projetou uma selvagem agitação
Sobre o mar – uma euforia estranha e ardente
Por entre o barro e a rocha, a caminho da árvore e do ninhal.
Bailou como se assistisse ao mundo responder,
Inevitavelmente, como as flores uma a uma,
Respondem à ansiosa e frutífera ordem da terra,
Despertando uma beleza nova ao sol de verão.

Bailou como se visse uma grande procissão
De esplêndidas esperanças e grandes desesperos humanos,
A assumirem em seus ritmos uma nova expressão,–
Uma doce espécie dos tesouros brilhantes da verdade.
Bailou como se, de coração, soubesse que a morte
Denotava tão apenas a criação de um mais nobre alento...

Referência:

COX, Leonard. The ballet dancer. In: __________. North star. Toronto, CA: Macmillan Company of Canada Ltd., 1941. p. 46.

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