Pelo que pude apurar pela internet, Kowalska, poetisa polonesa,
pertencia ao Sindicato Solidariedade pouco antes de ser internada, em razão da
lei marcial imposta pelo general Jaruzelski, entre 13.12.1981 e 1º.6.1982,
tendo sido encaminhada para a região dos campos penitenciários de Gołdap,
depois a Darłówek e, posteriormente, liberada por problemas de saúde, graças à
interveniência da organização “Médicos do Mundo”, deslocando-se então a Paris
para tratamento, de onde retornou em 1983.
No poema, a autora dirige-se, aparentemente, a um parceiro que estaria
na mesma situação que a sua – com a liberdade cerceada –, num campo de
internamento de onde se poderia mirar o mar: afinal, Darłówek, onde o poema foi
redigido, localiza-se na costa sul do Mar Báltico, no norte da Polônia.
J.A.R. – H.C.
Anka Kowalska
(1932-2008)
Z listów cenzurowanych 2
Może chciałbyś mi kiedyś przesłać pozdrowienie
a ja zmieniłam adres
i ptaki za szybą
więc daję znak naprędce
Jestem teraz nad
morzem
to znaczy morze jest
podobno blisko
i kiedy wiatr je
wzburza
sól siada na wargach
a muszla mego ucha
jest jak morska muszla
Gdzieś u współtowarzyszek z wyższego segmentu
można podobno dojrzeć między rzadkim laskiem
sinoniebieskie pasmo
można by wejść na piętro
w dozwolonym czasie
ale nie chcę
dzięki osobom trzecim
wiem że jesteś zdrowy
i cieszę się
i martwię że podobno skrócono wam spacer
ale zamykam oczy
i zaraz oboje
wędrujemy wśród lasu jak nieraz
jak niegdyś
i nie bój się
obejmiesz mnie pod żywym drzewem
i nie bój się
nie płaczę gdy oczy otwieram
za oknem beton
a na nim uzbrojony żołnierz
marzec 1982
Casa perto do mar em Montenegro
(Nedeljko Simanić:
pintor bósnio)
Das cartas censuradas 2
Talvez gostasses de
me mandar abraços
mas mudei de endereço
e de vista da janela
te escrevo então para
dar notícias
Moro agora perto do
mar
ou seja o mar, me
dizem, é perto
e quando o vento
levanta as ondas
sinto sal nos lábios
e a concha da minha
orelha é como concha marítima
Lá do andar das
minhas companheiras
dá pra ver, me dizem,
atrás das árvores do bosque
uma faixa azul-cinza
poderia subir quando
é permitido e conferir
mas não quero
Através dos outros
sei que estás bem
e fico contente
e fico preocupada que
cortaram, ouvi dizer, teu tempo
de passeio
mas fecho os olhos
e juntos
andamos pelos campos
como antes
como tantas vezes
e não te preocupes
me abraçarás sob uma
árvore viva
e não te preocupes
não choro quando abro
os olhos
e vejo muro
o soldado armado
(Darłówek,
campo de internamento; março de 1982)
(Folhetim, 23.06.85)
Referências:
Em Polonês
Em Português
KOWALSKA, Anka. Das cartas censuradas 2.
Tradução de Ana Cristina Cesar e Grazyna Drabik. In: SUZUKI JR., Matinas;
ASCHER, Nelson (Organizadores). Folhetim:
poemas traduzidos. São Paulo, SP: Folha de São Paulo, 1987. p. 178-179.
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Minha poesia preferida. Me acompanha pela vida...
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