Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Anka Kowalska - Das cartas censuradas 2

Pelo que pude apurar pela internet, Kowalska, poetisa polonesa, pertencia ao Sindicato Solidariedade pouco antes de ser internada, em razão da lei marcial imposta pelo general Jaruzelski, entre 13.12.1981 e 1º.6.1982, tendo sido encaminhada para a região dos campos penitenciários de Gołdap, depois a Darłówek e, posteriormente, liberada por problemas de saúde, graças à interveniência da organização “Médicos do Mundo”, deslocando-se então a Paris para tratamento, de onde retornou em 1983.

No poema, a autora dirige-se, aparentemente, a um parceiro que estaria na mesma situação que a sua – com a liberdade cerceada –, num campo de internamento de onde se poderia mirar o mar: afinal, Darłówek, onde o poema foi redigido, localiza-se na costa sul do Mar Báltico, no norte da Polônia.

J.A.R. – H.C.

Anka Kowalska
(1932-2008)

Z listów cenzurowanych 2

Może chciałbyś mi kiedyś przesłać pozdrowienie
a ja zmieniłam adres i ptaki za szybą
więc daję znak naprędce

Jestem teraz nad morzem
to znaczy morze jest podobno blisko
i kiedy wiatr je wzburza
sól siada na wargach
a muszla mego ucha jest jak morska muszla

Gdzieś u współtowarzyszek z wyższego segmentu
można podobno dojrzeć między rzadkim laskiem
sinoniebieskie pasmo
można by wejść na piętro w dozwolonym czasie
ale nie chcę

dzięki osobom trzecim
wiem że jesteś zdrowy
i cieszę się
i martwię że podobno skrócono wam spacer
ale zamykam oczy
i zaraz oboje
wędrujemy wśród lasu jak nieraz
jak niegdyś

i nie bój się
obejmiesz mnie pod żywym drzewem
i nie bój się
nie płaczę gdy oczy otwieram
za oknem beton
a na nim uzbrojony żołnierz

marzec 1982

Casa perto do mar em Montenegro
(Nedeljko Simanić: pintor bósnio)

Das cartas censuradas 2

Talvez gostasses de me mandar abraços
mas mudei de endereço e de vista da janela
te escrevo então para dar notícias

Moro agora perto do mar
ou seja o mar, me dizem, é perto
e quando o vento levanta as ondas
sinto sal nos lábios
e a concha da minha orelha é como concha marítima

Lá do andar das minhas companheiras
dá pra ver, me dizem, atrás das árvores do bosque
uma faixa azul-cinza
poderia subir quando é permitido e conferir
mas não quero

Através dos outros
sei que estás bem
e fico contente
e fico preocupada que cortaram, ouvi dizer, teu tempo
de passeio
mas fecho os olhos
e juntos
andamos pelos campos como antes
como tantas vezes

e não te preocupes
me abraçarás sob uma árvore viva
e não te preocupes
não choro quando abro os olhos
e vejo muro
o soldado armado

(Darłówek, campo de internamento; março de 1982)
(Folhetim, 23.06.85)

Referências:

Em Polonês

KOWALSKA, Anka. Z listów cenzurowanych 2. Disponível neste endereço. Acesso em: 22 set. 2019.

Em Português

KOWALSKA, Anka. Das cartas censuradas 2. Tradução de Ana Cristina Cesar e Grazyna Drabik. In: SUZUKI JR., Matinas; ASCHER, Nelson (Organizadores). Folhetim: poemas traduzidos. São Paulo, SP: Folha de São Paulo, 1987. p. 178-179.

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