Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Alessio Alessandrini - O sapo

O sujeito lírico dá de cara com um sapo nas sebes do jardim e se põe a elucubrar em relação aos efeitos dos olhos que se cruzam, os dele e os do sapo, num instante marcado pela contingência de se descobrirem mortais – “um mais que o outro”.

Homem e sapo buscam o mesmo suprimento de água que, como “chuva estranha e benigna”, flui de um “tubo aceso”: talvez estivessem expostos aos efeitos do estio, tornando a presença da água um recurso imprescindível – ela que, segundo os especialistas, poderá ser, ainda neste século, objeto de disputas e conflitos bélicos, a exemplo do petróleo.

J.A.R. – H.C.

Alessio Alessandrini
(n. 1974)

Il rospo

Un rospo acquartierato
tra le foglie della siepe in giardino:
ci incrociamo con gli occhi
ognuno con il proprio
spavento nella misura
che ci è stata concessa.
tratteniamo il fiato
incatenati a sentimenti
opachi.

Per un po’ torna a nascondersi
poi lo vedo tentar fortuna
sul prato di trifogli o è
per l’acqua che irrompe
dal tubo acceso.

Entrambi paghi di una pioggia
estranea e benigna.

Entrambi con il gozzo,
il nodo alla gola liberato
per troppo godimento
innaturale.

Scampati al pericolo
di scoprirsi mortale
uno più dell’altro.

In: “I congiurati del bosco” (2018)

Estudo para um sapo
(Sir Edwin Henry Landseer: artista inglês)

O sapo

Um sapo aquartelado
entre as folhas das sebes no jardim:
cruzamos com os olhos
cada um com o próprio
espanto na medida
que nos foi concedida.
seguramos a respiração
acorrentados a sentimentos
opacos.

Por pouco volta a se esconder
depois o vejo tentar a sorte
no prado de trevos ou é
pela água que irrompe
do tubo aceso.

Ambos compensados por uma chuva
estranha e benigna.

Ambos com a goela,
o nó na garganta liberado
por excesso de gozo
inatural.

Salvos do perigo
ao descobrirem-se mortais
um mais que o outro.

Em: “Os conspiradores do bosque” (2018)

Referência:

ALESSANDRINI, Alessio. Il rospo / O sapo. Tradução de Andréia Guerini e Karine Simoni. In: Revista Brasileira. Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro. Fase VIII, Out-Nov-Dez.2017, Ano VI, n. 93. Em italiano: p. 270; em português: p. 271. Disponível neste endereço. Acesso em: 21 set. 2019.

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