A escrita do poeta é a derradeira chama que se extingue em sua
existência: seus poemas têm luz suficiente para atrair os leitores por longo
tempo, eles que são produzidos num centro hábil a engendrar beleza, como flores
que se reproduzem num jardim – ainda que devotadas, como se sabe, à
impermanência...
O que de mais importante existe, nos poemas que redige, não são aquelas
páginas direcionadas a despertar a imediata atenção daqueles que trilham os caminhos
da poesia, senão aquelas que estão no núcleo da própria mensagem a que se
propõe extinguir-se por último: um coração ardente cujo batimento se atenua até
o ocaso!
J.A.R. – H.C.
Paulann Petersen
(n. 1942)
Why the Aging Poet Continues to Write
At a coneflower’s
seed-making center,
hundreds of tiny dark
florets –
each stiff and sharp
–
take turns oozing
their flashes of
pollen.
A flagrant
bee-stopping show.
Making a bright
circle,
the outermost spiky
blossoms
open first to then
fade.
Shrinking day by day,
the ring of yellow
flame
moves inward.
That heart – what’s
at
the flower’s very
core –
blazes last.
Abelha sobre uma equinácea
(Andrea Lavery:
pintora norte-americana)
Por Que o Vetusto Poeta Segue a
Escrever
Em um centro de
produção de sementes de equináceas,
centenas de pequenas
florzinhas escuras –
cada uma rija e
afilada –
revezam-se a verter
os seus lumes de
pólen.
Um flagrante
espetáculo para reter
as abelhas.
Formando um círculo
brilhante,
as flores pontiagudas
mais externas
abrem-se primeiro
para logo desbotar.
Retraindo-se dia após
dia,
o anel de amarelo
fulgor
move-se para dentro.
Esse coração – que
está
no núcleo da for –
arde por último.
Referência:
PETERSEN, Paulann. Why the aging poet continues
to write. In: BREHM, John (Ed.). The
poetry of impermanence, mindfulness and joy. Somerville, MA: Wisdom
Publications, 2017. p. 181.
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