Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 23 de novembro de 2019

D. H. Lawrence - O Pensamento

Numa definição do pensamento de claro corte intelectual, clarividente ao extremo, Lawrence pretende o ser humano tão divino quanto seja ele capaz de ser, não enredado nos problemas que derivam do que por demais se sabe, senão no que se desconhece, autênticas incógnitas ainda não desnudadas nessa equação multivariada que é o mundo.

O pensamento seria o “teste dos conceitos e a pedra de toque da consciência”, um ato de se trazer à intelecção o que transcorre na vida, que, de outra forma, permanecerá oculto, uma máquina da qual jamais saberemos de suas razões, caso nos mantenhamos no nível de meros repetidores de “ideias pré-fabricadas”.

J.A.R. – H.C.

D. H. Lawrence
(1885-1930)

Thought

Thought, I love thought.
But not the jiggling and twisting of already existent ideas
I despise that self-important game.
Thought is the welling up of unknown life into consciousness,
Thought is the testing of statements on the touchstone of the conscience,
Thought is gazing on to the face of life, and reading what can be read,
Thought is pondering over experience, and coming to a conclusion.
Thought is not a trick, or an exercise, or a set of dodges,
Thought is a man in his wholeness wholly attending.

(from M.Ps.)

Sem Título
(Pawel Kuczynski: artista polonês)

O Pensamento

O pensamento, amo o pensamento.
Não o titubear e retorcer de ideias pré-fabricadas –
Esse jogo de autossuficiência, eu o desprezo.
O pensamento é o manar da vida oculta à tona da mente,
O pensamento é o teste dos conceitos e a pedra de toque da consciência,
O pensamento é fitar a vida de frente e ler o que ali se pode ler,
O pensamento é ponderar a experiência e chegar a uma conclusão.
O pensamento não é um artifício, um exercício, uma esquivança –
O pensamento é um homem em sua inteireza e inteiramente alerta.

(Em: M.Ps.)

Referência:

LAWRENCE, D. H. Thought / O pensamento. Tradução de Aíla de Oliveira Gomes. In: __________. Alguma poesia. Seleção, tradução e introdução de Aíla de Oliveira Gomes. Edição bilíngue. São Paulo, SP: T. A. Queiroz, 1991. Em inglês: p. 162; em português: p. 163. (‘Biblioteca de Letras e Ciências Humanas’; série 2ª, textos; v. 6)

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