O poeta deplora o fato de haver sido construída em Nashville, Tennessee,
exatamente na cidade onde veio a falecer, uma réplica em escala real do
Partenon, como parte da comemoração da Exposição do Centenário daquele Estado
norte-americano, em 1897. Nem se diga dos efeitos comerciais promovidos pelo
turismo à volta das instalações.
O que se objeta, de fato, é o agitado apego aos interesses materiais em
jogo, num mundo frenético e desarmônico, no qual a especulação imobiliária converte
a urbe num cenário bizarro, a muito contrastar com a tranquila simplicidade da
Grécia clássica, onde o Partenon pairava soberano numa das colinas da Acrópole
de Atenas.
J.A.R. – H.C.
Donald Davidson
(1893-1968)
On a replica of the Parthenon
Why do they come?
What do they seek
Who build but never
read their Greek?
The classic stillness
of a pool
Beleaguered in its
certitude
By aimless motors
that can make
Only incertainty more
sure;
And where the willows
crowd the pure
Expanse of clouds and
blue that stood
Around the gables
Athens wrought,
Shopgirls embrace a
plaster thought,
And eye Poseidon’s
loins ungirt,
And never heed the
brandished spear
Or feel the bright-eyed
maiden’s rage
Whose gaze the
sparrows violate;
But the sky drips its
spectral dirt,
And gods, like men,
to soot revert.
Gone is the mild, the
serene air.
The golden years are
come too late.
Pursue not wisdom or
virtue here,
But what blind
motion, what dim last
Regret of men who
slew their past
Raised up this bribe
against their fate.
Partenon
(Maria S. Barry:
pintora inglesa)
Sobre uma réplica do Partenon
Por que eles se
aproximam? O que buscam
Aqueles que o constroem,
mas nunca leem o grego?
A quietude clássica
de um espelho d’água
Importunada em sua
certeza
Por motores erráticos
que somente podem fazer
Com que mais segura
seja a incerteza;
E onde os salgueiros se
apinham na pura
Extensão das nuvens e
do azul a erguerem-se
Ao redor dos frontões
forjados por Atenas,
As vendedoras adotam
um pensamento engessado,
Olham as lassas espáduas
de Poseidon
E nunca escutam a
lança brandida
Nem sentem a ira da
donzela de olhos brilhantes
Cuja mirada os
pardais violam;
Mas o céu goteja sua
espectral sujidade,
E os deuses, como os
homens, à fuligem revertem.
Ficou para trás o ar
suave e sereno.
Os anos dourados
chegaram tarde demais.
Não busques aqui a
sabedoria ou a virtude,
Senão mais que uma
cega moção, um derradeiro
Pesar dos homens que aniquilaram
o seu passado
E levantaram tal
suborno contra o seu destino.
Referência:
DAVIDSON, Donald. On a replica of the
Parthenon. In: __________. Poems:
1922-1961. 8th. print. Minneapolis, MN: University of Minnesota Press, 1966. p.
64.
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