Uma ideia personalizada tem uma conversa bem-humorada com a poetisa
polonesa, fazendo-a crer tratar-se de um belo estímulo à escrita de um poema.
Mas Szymborska não se dá por satisfeita e a replica vezes sem conta, até que,
por fim, ela se desfaz no espaço, contrafeita.
De fato, o que Szymborska pretende nos alertar é que nem sempre uma
suposta inspiração vem a se manifestar, no texto escrito, num poema que faça
alguma diferença. Desse modo, o poeta é chamado a repensar e reelaborar as
linhas do poema, para que este não caia no mais completo esquecimento.
J.A.R. – H.C.
Wisława Szymborska
(1923-2012)
Pomysł
Przyszedł mi pewien
pomysł
na wierszyk? na
wiersz?
To dobrze – mówię – zostań, pogadamy.
Musisz mi więcej o sobie powiedzieć.
Na co on szeptem
kilka słów na ucho.
Ach, o to chodzi –
mówię –
to ciekawe.
Od dawna już te sprawy leżą mi na sercu.
Ale żeby wiersz o nich? Nie, na pewno nie.
Na co on szeptem
kilka słów na ucho.
Tak ci się tylko zdaje – odpowiadam –
przeceniasz moje siły
i zdolności.
Nawet bym nie
wiedziała, od czego mam zacząć.
Na co on szeptem
kilka słów na ucho.
Mylisz się – mówię – wiersz zwięzły
i krótki
o wiele trudniej
napisać niż
długi.
Nie męcz mnie, nie nalegaj, bo to się nie uda.
Na co on szeptem
kilka słów na ucho.
Niech ci będzie, spróbuję, skoro się upierasz.
Ale z góry uprzedzam,
co z tego wyniknie.
Napiszę, przedrę i wyrzucę do
kosza.
Na co on szeptem
kilka słów na ucho.
Masz rację – mówię – są
przecież
inni poeci.
Niektórzy zrobią to lepiej ode mnie.
Mogę ci podać nazwiska, adresy.
Na co on szeptem
kilka słów na ucho.
Tak, naturalnie, będę im zazdrościć.
My sobie zazdrościmy nawet wierszy słabych.
A ten chyba powinien…
chyba musi mieć…
Na co on szeptem
kilka słów na ucho.
No właśnie, mieć te cechy które wyliczyłeś.
Więc lepiej zmieńmy temat.
Napijesz się kawy?
Na co on westchnął tylko.
I zaczął znikać.
I zniknał.
(“Tutaj”, 2009)
À espera de uma ideia
(Jiri Petr: artista
tcheco)
Uma ideia
Me veio uma ideia
para um versinho?
para um poema?
Está bem – digo –
fique, vamos bater um papo.
Você tem de me contar
mais sobre si mesma.
Ao que ela sussurra
umas palavras ao meu ouvido.
Ah, então é isso –
digo – interessante.
Faz tempo que estas
coisas me pesam no peito.
Mas fazer versos
sobre elas? Não, nem pensar.
Ao que ela sussurra
umas palavras ao meu ouvido.
Isso é só impressão
sua – respondo –
você superestima
minhas forças e capacidade.
Não saberia nem por
onde começar.
Ao que ela sussurra
umas palavras ao meu ouvido.
Você se engana – digo
– um poema curto e conciso
é muito mais difícil
de escrever do que um longo.
Não me canse, não
insista, não vai dar.
Ao que ela sussurra
umas palavras ao meu ouvido.
Que seja, vou tentar,
já que você insiste.
Mas já vou avisando
do resultado.
Vou escrever, rasgar
e jogar no cesto de lixo.
Ao que ela sussurra
umas palavras ao meu ouvido.
Você tem razão – digo
– decerto que há outros poetas.
Alguns farão isto
melhor que eu.
Posso lhe dar os
nomes, endereços.
Ao que ela sussurra
umas palavras ao meu ouvido.
É claro que vou ficar
com inveja deles.
Invejamos uns aos
outros até os poemas medíocres.
E me parece que este
precisa... que tem que ter...
Ao que ela sussurra
umas palavras ao meu ouvido.
É isso, ter as
características que você enumerou.
Portanto, melhor
mudar de assunto.
Que tal um café?
Ao que ela apenas
soltou um suspiro.
E começou a sumir.
E sumiu.
(“Aqui”, 2009)
Referência:
SZYMBORSKA, Wisława. Pomysł / Uma
ideia. Tradução de Regina Przybycien. In: __________. Um amor feliz. Seleção, tradução e prefácio de Regina Przybycien.
1. ed. Edição bilíngue. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2016. Em polonês:
p. 270 e 272; em português: p. 271 e 273.
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