Este poema vai para a turma que só pensa em “dinheiro”, incapaz de
sonhar com qualquer outra coisa. A turma da “Lava-Jato”, por exemplo, que
queria criar uma fundação com bilhões desviados da Petrobrás. Ou mais especificamente,
o Deltan Dallagnol, que almejava enricar dando palestras a três por quatro, sobre
as suas diligências canalhas no Ministério Público. E por aí vai!
Mas o Moro é um caso à parte, porque canalha maior, tudo fazendo para
cair de paraquedas no STF ou mesmo na presidência da república (assim, em
minúsculo, dado que voltamos a um passado de republiqueta de bananas!). Sem
ética, imoral, insidioso e desleal com o país: o herói dos que vivem no ápice
da pirâmide social ou dos que desconhecem a realidade!
J.A.R. – H.C.
Pedro Geraldo Escosteguy
(1916-1989)
Bilhete aos poetas
Os homens que não
sonham
sonham pequenas
coisas:
sonham cruzeiros,
dólares, francos,
sonham a chefia da
seção,
a do serviço
e a da repartição.
Há os que sonham a
casa do governo
a chefia da polícia
ou a Presidência do
Super Conselho
de Segurança da Paz
Contra as Guerras
Futuras.
Os homens que não
sonham
sonham com a promoção
sonham com a graça de
Deus
e o apoio dos outros
homens.
Sonham dar os passos
maiores que as pernas
sonham encontrar quem
proporcione
os seus sonhos de
lucros
extraordinários
e cadilaques.
Os homens que não
sonham
às vezes sonham
coisas boas
quando não sonham o
crime e a morte.
Detestáveis são os
homens
que, como nós,
escrevem o que sonham.
Imaginem a cara dos
homens
que não sonham
sabendo que sonhamos
a perfeição
da figura humana.
Que sonhamos com a
paz
sem símbolos
fictícios
nem cachimbadas de
traição
porque nos revoltam
as estratégias
destruidoras.
Que sonhamos cultura
como podem sonhar os
que sonham
com amor.
E que nem montanhas
de cruzeiros, de
dólares ou de francos
poderiam comprar
o nosso mais humilde
sonho
de liberdade.
Em: “Poesia Quixote”
Americanização da Califórnia
(Dean Cornwell:
pintor norte-americano)
Referência:
ESCOSTEGUY, Pedro Geraldo. Bilhete aos
poetas. In: __________. Poesia reunida.
Organização de Martha Goya. Porto Alegre, RS: L&PM & EDIPUCRS, 1996. p.
123-124.
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