Hesse expressa, neste poema, a alegria daquele que conseguiu se
desvencilhar dos excessos de um ego sem limites, entregando-se a um reino de
iluminação que, aos olhos do zen-budismo, advém de experiência interior levada a
efeito com ênfase e seriedade, para que, desse modo, se alcance a essência mesma
do mundo.
Há certo pendor ao minimalismo em relação às coisas materiais, favorecendo
o aperfeiçoamento espiritual do noviço: a compreensão do mundo das aparências
(Maya) dá-se pelo emprego de suas qualidades naturais ou instintivas, permitindo-lhe
elevar o poder de Maya à própria essência do mundo real.
J.A.R. – H.C.
Hermann Hesse
(1877-1962)
Junger Novize im Zen-Kloster II
Ist auch alles Trug
und Wahn
Und die Wahrheit
stets unnennbar,
Dennoch blickt der
Berg mich an
Zackig und genau
erkennbar.
Hirsch und Rabe, rote
Rose,
Meeresblau und bunte
Welt:
Sammle dich – und sie
zerfällt
Ins Gestalt – und
Namenlose.
Sammle dich und kehre
ein,
Lerne schauen, lerne
lesen!
Sammle dich – und
Welt wird Schein.
Sammle dich – und
Schein wird Wesen.
(Februar 1961)
Jovem noviço budista
(Candi Parshall:
artista norte-americana)
Jovem Noviço num Mosteiro Zen II
Seja tudo ilusão e
fantasia,
permanecendo a
verdade indizível:
entretanto, a
montanha me contempla
com seu contorno bem
reconhecível.
Cervo e corvo, rosa
rubra e lilás,
azul de mar e mundo
variegado:
se te concentras,
tudo se desfaz
no grande Uno amorfo
e inominado.
Recolhe-te ao mais
fundo do teu ser
e assim aprende a
ver, aprende a ler!
Concentra-te... e o
mundo faz-se aparência.
Concentra-te... e a
aparência faz-se essência.
(Fevereiro 1961)
Referências:
Em Alemão
HESSE, Hermann. Junger Novize im
Zen-Kloster II. In: __________. Die gedichte:
1892-1962. 19. auflage. Frankfurt am Main, DE: Suhrkamp, 1977. s. 720.
Em Português
HESSE, Hermann. Jovem noviço num mosteiro
zen II. Tradução de Geir Campos. In: ______. Andares: antologia poética. Tradução de Geir Campos. Rio de
Janeiro, RJ: Nova Fronteira, 1976. p. 235.
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Rodrigues, li um que outro poema do grande Hermann Hesse. Sou mais familiarizado com os romances e contos do mestre. Do que já li e reli do autor agradou-me sobremaneira as obras " O Lobo da Estepe", "Demian" e "Sidarta". Um abraço daqui do sul do Brasil.
ResponderExcluirCaro Dilmar:
ResponderExcluirDecerto, o que há de mais importante na obra de Hesse é a trilogia mencionada por você, embora também aprecie "Narciso e Goldmund".
Assim como você, embora não seja um poeta nato, tenho a poesia como uma forma especial de ver o mundo, com potencial, ademais, para aprimorar o meu entendimento em idiomas estrangeiros.
Agradeço-lhe pela postagem e navegação pelas páginas deste blog.
Um abraço,
João A. Rodrigues