Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 9 de junho de 2019

Robert Frost - O máximo possível

O poeta revela no poema querer bem mais da vida do que ela normalmente é capaz de prover, ou como diz o título – o máximo possível: passa ele longo tempo junto à natureza, procurando por certo tipo de resposta do universo, ficando desapontado quando tal resposta ou não vem ou não condiz exatamente com aquilo que estava à espera.

Por outro lado, pode-se arguir que tendo o homem um dote natural, poderá ele explorá-lo ao máximo, não devendo aguardar ‘ad infinitum’ que a natureza venha ao seu encontro para lhe outorgar dadivosamente muitos outros, pois a própria natureza tem também as suas interfaces de aspereza – a imagem intensa do cervo, permeada por adjetivos que expressam vigor e destrambelho, certamente busca evidenciar essa austeridade.

J.A.R. – H.C.

Robert Frost
(1874-1963)

The Most of It

He thought he kept the universe alone;
For all the voice in answer he could wake
Was but the mocking echo of his own
From some tree-hidden cliff across the lake.
Some morning from the boulder-broken beach
He would cry out on life, that what it wants
Is not its own love back in copy speech,
But counter-love, original response.
And nothing ever came of what he cried
Unless it was the embodiment that crashed
In the cliff’s talus on the other side,
And then in the far distant water splashed,
But after a time allowed for it to swim,
Instead of proving human when it neared
And someone else additional to him,
As a great buck it powerfully appeared,
Pushing the crumpled water up ahead,
And landed pouring like a waterfall,
And stumbled through the rocks with horny tread,
And forced the underbrush – and that was all.

Eco
(Talbot Hughes: pintor inglês)

O máximo possível

Pensou que sozinho mantinha o universo;
Pois toda voz em resposta que poderia despertar
Era apenas o eco zombeteiro de si mesmo vindo
De um penhasco oculto por árvores além do lago.
Alguma manhã, a partir da praia rota por fragas,
Ele clamaria à vida que o de que necessita
Não é a réplica copiada de seu próprio amor,
Senão um amor recíproco, com voz própria.
E jamais veio nada daquilo pelo que exorou
A menos que fosse a encarnação que se chocou
Sobre o talude do penhasco no outro lado,
E então na água distante surgiram salpicos,
Mas depois de um tempo que a deixou nadar,
Em vez de se mostrar humana ao se aproximar,
Uma outra pessoa que lhe fosse semelhante,
Irrompeu, poderosamente, um grande cervo,
Impelindo a água encrespada para diante,
E aterrissou como a torrente de uma cachoeira,
E tropeçou entre rochas com pisadas lúbricas,
E forçou a vegetação rasteira – e isso foi tudo.

Referência:

FROST, Robert. The most of it. In: MILOSZ, Czeslaw (Ed.). A book of luminous things: an international anthology of poetry. 1st. ed. New York, NY: Houghton Mifflin Harcourt, 1998. p. 46.

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