O poeta revela no poema querer bem mais da vida do que ela normalmente é
capaz de prover, ou como diz o título – o máximo possível: passa ele longo
tempo junto à natureza, procurando por certo tipo de resposta do universo,
ficando desapontado quando tal resposta ou não vem ou não condiz exatamente com
aquilo que estava à espera.
Por outro lado, pode-se arguir que tendo o homem um dote natural, poderá
ele explorá-lo ao máximo, não devendo aguardar ‘ad infinitum’ que a natureza
venha ao seu encontro para lhe outorgar dadivosamente muitos outros, pois a
própria natureza tem também as suas interfaces de aspereza – a imagem intensa
do cervo, permeada por adjetivos que expressam vigor e destrambelho, certamente
busca evidenciar essa austeridade.
J.A.R. – H.C.
Robert Frost
(1874-1963)
The Most of It
He thought he kept
the universe alone;
For all the voice in
answer he could wake
Was but the mocking
echo of his own
From some tree-hidden
cliff across the lake.
Some morning from the
boulder-broken beach
He would cry out on
life, that what it wants
Is not its own love
back in copy speech,
But counter-love,
original response.
And nothing ever came
of what he cried
Unless it was the
embodiment that crashed
In the cliff’s talus
on the other side,
And then in the far
distant water splashed,
But after a time
allowed for it to swim,
Instead of proving
human when it neared
And someone else
additional to him,
As a great buck it
powerfully appeared,
Pushing the crumpled
water up ahead,
And landed pouring
like a waterfall,
And stumbled through
the rocks with horny tread,
And forced the
underbrush – and that was all.
Eco
(Talbot Hughes:
pintor inglês)
O máximo possível
Pensou que sozinho
mantinha o universo;
Pois toda voz em resposta
que poderia despertar
Era apenas o eco
zombeteiro de si mesmo vindo
De um penhasco oculto
por árvores além do lago.
Alguma manhã, a
partir da praia rota por fragas,
Ele clamaria à vida
que o de que necessita
Não é a réplica
copiada de seu próprio amor,
Senão um amor recíproco,
com voz própria.
E jamais veio nada
daquilo pelo que exorou
A menos que fosse a
encarnação que se chocou
Sobre o talude do
penhasco no outro lado,
E então na água
distante surgiram salpicos,
Mas depois de um
tempo que a deixou nadar,
Em vez de se mostrar
humana ao se aproximar,
Uma outra pessoa que
lhe fosse semelhante,
Irrompeu,
poderosamente, um grande cervo,
Impelindo a água
encrespada para diante,
E aterrissou como a
torrente de uma cachoeira,
E tropeçou entre rochas
com pisadas lúbricas,
E forçou a vegetação
rasteira – e isso foi tudo.
Referência:
FROST, Robert. The most of it. In:
MILOSZ, Czeslaw (Ed.). A book of
luminous things: an international anthology of poetry. 1st. ed. New York,
NY: Houghton Mifflin Harcourt, 1998. p. 46.
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