Neste breve poema, Melville descreve a experiência de conversão, ao
cristianismo, do imperador romano Constantino: afirma-se que antes de uma
crucial batalha ele mirou o sol e viu uma cruz luzente acima dele. Quando a vitória
lhe sorriu, declarou que seu império se convertera ao cristianismo – mesmo
tendo ordenado a queima de cristãos vivos!
Logo depois, Melville dirige-nos a atenção para o Partenon, um poder
distinto daquele representado pelo império sobrenatural da cruz, ou assim, o
retrato do engenho do homem: uma insígnia não da soberania divina, senão da
aptidão criadora dos filhos de Adão, a evidenciar, então, a mescla do espírito
judaico-cristão ao da ilustração greco-romana, assim como se encontra
hibridamente presente na dita civilização ocidental.
J.A.R. – H.C.
Herman Melville
(1819-1891)
The Apparition
(The Parthenon uplifted on its rock
first challenging
the view on the approach to Athens.)
Abrupt the
supernatural Cross,
Vivid in startled
air,
Smote the Emperor
Constantine
And turned his soul’s
allegiance there.
With other power
appealing down,
Trophy of Adam’s
best!
If cynic minds you
scarce convert,
You try them, shake
them, or molest.
Diogenes, that honest
heart,
Lived ere your date
began;
Thee had he seen, he
might have swerved
In mood nor barked so
much at Man.
Acrópole de Atenas
(Leo von Klenze:
pintor alemão)
A Aparição
(O Pártenon erguendo-se no seu rochedo
desafia
o olhar de quem se acerca de Atenas)
Abrupta, a
sobrenatural Cruz,
Vívida, no perplexo
ar,
Impressionou o
Imperador Constantino,
E ali ganhou a
fidelidade de sua alma.
Com outro poder
seduzindo-o,
Troféu dos melhores
de Adão!
Se mentes cínicas
dificilmente convertes,
Testa-as, porém,
perturba-as, molesta-as.
Diógenes, esse
honesto coração,
Aqui viveu antes de
nasceres;
Tivesse-te ele visto,
e talvez tivesse mudado
De humor e deixado de
praguejar ao Homem.
Referência:
MELVILLE, Herman. The apparition / A
aparição. Tradução de Mário Avelar. In: __________. Poemas. Selecção, tradução e introdução de Mário Avelar. Edição
bilíngue. Lisboa, PT: Assírio & Alvim, 2009. Em inglês; p. 92; em
português: p. 93. (“Documenta Poetica”, v. 128)
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