A poetisa retorna a casa – certamente um apartamento num prédio de
muitos andares – e, pouco antes de dormir, põe-se a refletir sobre o dia,
sabendo que deveria ser grata por algum motivo, embora não saiba identificá-lo
plenamente. Tem ela, como companhia, uma criança e o amado – que se põe a
murmurar-lhe uma canção de ninar.
São os três uma família que, na calma da noite, procuram descansar da
fadiga do dia, ela a procurar um paraíso para poder sonhar em paz, e o infante
a vivenciar a idade em que sonho e contentamento são inerentes à natureza das coisas, um mundo no qual as quimeras são a própria essência da realidade!
J.A.R. – H.C.
Susan Cataldo
(1952-2001)
Poem for the Family
Before I went to
sleep, the soft lamplights
from the tenements across
the street,
still, in the night,
resembled peace.
There is something I
forgot to be grateful
for. But I’m not
uneasy. This poem
is enough gratitude
for the day. That leaf
tapping against the
window, enough
music for the night.
My love’s even
breathing, a lullaby
for me.
Gentle is the sun’s
touch
as it brushes the
earth’s revolutions.
Fragrant is the moon
in February’s
sky. Stars look down
& witness,
never judge. The City
moves
beneath me, out of
sight.
O let this poem be a
planet
or a haven. Heaven
for a poet
homeward bound. Rest
my son’s head
upon sweet dreams
& contentment.
Let me turn out the
light to rest.
Luzes na noite
(Leonid Afremov:
pintor israelense)
Poema à Família
Antes de pôr-me a
dormir, as suaves luzes
dos prédios do outro
lado da rua,
silenciosos noite
adentro, assemelhavam-se à paz.
Esqueci-me de ser
grata por alguma razão.
Porém não estou
desconfortável. Este poema
é gratidão bastante
para o dia. Aquela folha
chocando-se contra a
janela, música
bastante para a
noite. Meu amado até
murmura uma canção de
ninar para mim.
Suave é o toque do
sol
ao rastrear as
revoluções da terra.
Perfumosa é a lua no
céu de fevereiro.
Estrelas olham para
baixo e testemunham,
nunca julgam. Lá
embaixo a cidade
se move, sem que
possa avistá-la.
Oh, deixe que este
poema seja um planeta
ou um refúgio. Firmamento
para uma poetisa
que regressa a casa. Descanse
a cabeça do meu filho
em doces sonhos e
contentamento.
Deixe-me apagar a luz
para descansar.
Referência:
CATALDO, Susan. Poem for the family. In:
KEILLOR, Garrison (Selection and Introduction). Good poems for hard times. New York, NY: Penguin Books, 2006. p. 276.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário