Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 30 de março de 2019

Guilherme de Almeida - Definição de Poesia

Tudo se menciona do que poderia bem ser um quadro de natureza-morta, a saber, de uma rosa que foi colhida e colocada num vaso, para adornar um ambiente, por exemplo – e até mesmo remanesce a imagem da mão que a retirou da roseira, certamente com muito zelo, para mantê-la o mais intacta possível.

Mas o poeta afirma que a rosa não é propriamente a poesia, a despeito de toda a beleza de seus atributos: pergunta ele pela terra, esta sim, o meio de que se vale a planta para se nutrir e torna-se a graça que a todos encanta – essa terra que no caso do poeta, explicite-se, são todas as experiências por que passa em vida, boas ou más, raras ou triviais.

J.A.R. – H.C.

Guilherme de Almeida
(1890-1969)

Definição de Poesia

Aí está a rosa,
aí está o vaso,
aí está a água,
ai está o caule,
aí está a folhagem,
aí está o espinho,
aí está a cor,
aí está o perfume,
aí está o ar,
aí está a luz,
aí está o orvalho,
aí está a mão
(até a mão que colheu).
Mas onde está a terra?
Poesia não é a rosa.

Em: “O Anjo de Sal” (1949-1951)

Flores: natureza-morta
(Pieter Wagemans: pintor belga)

Referência:

ALMEIDA, Guilherme. Definição de poesia. In: __________. Toda a poesia. v. VI. São Paulo, SP: Livraria Martins Editora, 1952. p. 249.

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