Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Rubén Darío - A Vitória de Samotrácia ‎

Um poema curto do autor nicaraguense, mas que diz muito sobre a enorme potência visual que a escultura projeta em uma das escadarias do Museu do Louvre, em Paris. Digo melhor: Darío concebe-a inteira, com olhos, boca e braços, para que se possam imaginar também os efeitos sonoros e dinâmicos de sua figura, na proa de uma embarcação, originariamente pertencente a uma fonte que, por hipótese, foi erigida como monumento comemorativo a uma vitória em batalha naval.

Como se pode ver na imagem sob o poema, as linhas fluidas do vestuário são retratadas com apurado virtuosismo, ainda mais realçadas pela pose enfática e teatral de Nice – a deusa grega representada –, que parecer voar para levar aos helenos em terra a mensagem dos êxitos obtidos sobre o mar.

J.A.R. – H.C.

Rúben Darío
(1867-1916)

La Victoria de Samotracia

La cabeza abolida aún dice el día sacro
en que, al viento del triunfo, las multitudes plenas
desfilaron ardientes delante el simulacro
que hizo hervir a los griegos en las calles de Atenas.

Esta egregia figura no tiene ojos y mira;
no tiene boca, y lanza el más supremo grito;
no tiene brazos y hace vibrar toda la lira,
¡y las alas pentélicas abarcan lo infinito!

(Barcelona, 21.1.1914)

Vitória de Samotrácia
(Museu do Louvre)
Autoria Desconhecida

A Vitória de Samotrácia

A cabeça abolida diz ainda o dia sacro
em que, ao vento do triunfo, as multidões helenas
desfilaram ardentes diante do simulacro
que fez ferver os gregos pelas ruas de Atenas.

Esta egrégia figura não tem olhos e mira;
boca não tem, e lança o mais supremo grito;
não tem braços e faz vibrar inteira a lira,
e co’as asas pentélicas abarca o infinito!

(Barcelona, 21.1.1914)

Referência:

DARÍO, Rúben. La victoria de Samotracia / A vitória de Samotrácia. Tradução de Anderson Braga Horta. In: HORTA, Anderson Braga. Traduzir poesia. Brasília, DF: Thesaurus, 2004. Em espanhol: p. 84; em português: p. 85.

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