Quem não veria certo
matiz da economia política marxista neste poema do poeta alagoano, em especial
quando rememoramos a terminologia empregada pelo pensador alemão, no que tange
à malbaratada oferta de mão de obra à indústria, então em franca expansão: “exército
industrial de reserva”?!
E claro, é a mulher proletária que
fornece esse contingente apreciável de braços à mercancia capitalista, a qual,
por isso mesmo, é capaz de manter certo desemprego estrutural com o objetivo de
preservar-se da alta de salários: se a oferta é ampla, o preço da mão de obra,
necessariamente, há de se depreciar...
J.A.R. – H.C.
Jorge de Lima
(1893-1953)
Mulher Proletária
Mulher proletária – única fábrica
que o operário tem, (fábrica de filhos)
tu
na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus,
forneces braços para o senhor burguês.
Mulher proletária,
o operário, teu proprietário
há de ver, há de ver:
a tua produção,
a tua superprodução,
ao contrário das máquinas burguesas
salvar teu proprietário.
Transporte de
Terceira Classe
(Honoré
Daumier: artista francês)
Referência:
LIMA, Jorge de. Mulher proletária. In:
__________. Obra completa. Organização de Afrânio Coutinho. Volume I:
poesias e ensaios. 1. ed. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1959. p. 333.
(‘Biblioteca Luso-Brasileira’; Série Brasileira)
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