Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Marianne Moore - Silêncio ‎

O pai da poetisa expressa juízos que talvez valham para ele próprio, caso consideremos a volta que este poema dá ao seu final: não ser imoderado nas palavras é um valor que caracteriza as pessoas que, segundo ele, são superiores. Assim como um gato, a agir na sobriedade e na prudência.

 

Não me parece descartável a hipótese de que Marianne estivesse atribuindo ao genitor as suas ideias ou comportamentos frente às pessoas e, muito particularmente, aos visitantes que superam ou avançam muito além da simples boas-vindas, fazendo da residência de quem os acolhe um lugar onde podem absolutamente tudo!

 

J.A.R. – H.C.

 

Marianne Moore

(1887-1972)

 

Silence

 

My father used to say,

“Superior people never make long visits,

have to be shown Longfellow’s grave

or the glass flowers at Harvard.

Self-reliant like the cat –

that takes its prey to privacy,

the mouse’s limp tail hanging like a shoelace from

its mouth –

they sometimes enjoy solitude,

and can be robbed of speech

by speech which has delighted them.

The deepest feeling always shows itself in silence;

not in silence, but restraint.”

Nor was he insincere in saying, “Make my house your inn.”

Inns are not residences.

 

O Vale dos Homens Silenciosos

(Dean Cornwell: ilustrador norte-americano)

 

Silêncio

 

Meu pai costumava dizer:

“Pessoas superiores nunca fazem longas visitas,

não há razões para se lhes mostrar a tumba de Longfellow

ou as flores de vidro em Harvard.

Autossuficientes como o gato –

que leva a sua presa a um lugar privado,

o rabo flexível do rato a pender-lhe da boca como

um cadarço –

elas às vezes apreciam a solidão,

e podem ter o discurso suspenso

pela fala de quem as tenha deleitado.

O sentimento mais profundo sempre se revela no silêncio;

não em silêncio, senão na comedimento.”

Tampouco era insincero ao dizer: “Faça de minha casa

a sua pousada.”

Pousadas não são residências.

 

Referência:

 

MOORE, Marianne. Silence. In: FOSTER, H. Lincoln (Ed.). Contemporary american poetry. New York, NY: Macmillan Company, 1963. p. 163.

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