O pai da poetisa
expressa juízos que talvez valham para ele próprio, caso consideremos a volta
que este poema dá ao seu final: não ser imoderado nas palavras é um valor que
caracteriza as pessoas que, segundo ele, são superiores. Assim como um gato, a
agir na sobriedade e na prudência.
Não me parece
descartável a hipótese de que Marianne estivesse atribuindo ao genitor as suas
ideias ou comportamentos frente às pessoas e, muito particularmente, aos
visitantes que superam ou avançam muito além da simples boas-vindas, fazendo da
residência de quem os acolhe um lugar onde podem absolutamente tudo!
J.A.R. – H.C.
Marianne Moore
(1887-1972)
Silence
My father used to
say,
“Superior people
never make long visits,
have to be shown
Longfellow’s grave
or the glass flowers
at Harvard.
Self-reliant like the
cat –
that takes its prey
to privacy,
the mouse’s limp tail
hanging like a shoelace from
its mouth –
they sometimes enjoy
solitude,
and can be robbed of
speech
by speech which has
delighted them.
The deepest feeling
always shows itself in silence;
not in silence, but
restraint.”
Nor was he insincere
in saying, “Make my house your inn.”
Inns are not
residences.
O Vale dos Homens Silenciosos
(Dean Cornwell: ilustrador norte-americano)
Silêncio
Meu pai costumava
dizer:
“Pessoas superiores
nunca fazem longas visitas,
não há razões para se
lhes mostrar a tumba de Longfellow
ou as flores de vidro
em Harvard.
Autossuficientes como
o gato –
que leva a sua presa
a um lugar privado,
o rabo flexível do
rato a pender-lhe da boca como
um cadarço –
elas às vezes apreciam
a solidão,
e podem ter o
discurso suspenso
pela fala de quem as
tenha deleitado.
O sentimento mais
profundo sempre se revela no silêncio;
não em silêncio,
senão na comedimento.”
Tampouco era
insincero ao dizer: “Faça de minha casa
a sua pousada.”
Pousadas não são
residências.
Referência:
MOORE, Marianne.
Silence. In: FOSTER, H. Lincoln (Ed.). Contemporary american poetry.
New York, NY: Macmillan Company, 1963. p. 163.
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