Mais um enigmático poema, a sugerir um encontro com o paradoxo da vida
humana: viver – ou acordar – leva-nos a níveis de consciência sempre mais
elevados, sob as contingências do tempo que, mais à frente, dirige-nos à
presença da morte – uma espécie de sono definitivo.
Talvez a forma elíptica do poema, com repetições de versos no avançar dos
tercetos – claro está, à exceção da quadra derradeira –, queira sugerir o
próprio ciclo da vida. E em sua narrativa, quiçá o poeta busque atenuar os seus
temores, agitações, ansiedades sobre o futuro.
J.A.R. – H.C.
Theodore Roethke
(1908-1963)
The Waking
I wake to sleep, and
take my waking slow.
I feel my fate in
what I cannot fear.
I learn by going
where I have to go.
We think by feeling.
What is there to know?
I hear my being dance
from ear to ear.
I wake to sleep, and
take my waking slow.
Of those so close
beside me, which are you?
God bless the Ground!
I shall walk softly there,
And learn by going
where I have to go.
Light takes the Tree;
but who can tell us how?
The lowly worm climbs
up a winding stair;
I wake to sleep, and
take my waking slow.
Great Nature has
another thing to do
To you and me, so
take the lively air,
And, lovely, learn by
going where to go.
This shaking keeps me
steady. I should know.
What falls away is
always. And is near.
I wake to sleep, and
take my waking slow.
I learn by going
where I have to go.
O despertar de um
mundo de pensamentos
(Mano Sotelo: pintor
norte-americano)
O Despertar
Acordo para dormir, e
levanto-me num lento despertar.
Sinto o meu destino
no que não posso temer.
Aprendo ao me
deslocar até onde tenho que ir.
Pensamos pelo
sentimento. O que ali há por conhecer?
Escuto o meu ser
dançar de um ouvido a outro.
Acordo para dormir, e
levanto-me num lento despertar.
Desses que se
encontram ao meu lado, qual é você?
Deus abençoe o Solo!
Caminharei suavemente sobre ele
E aprenderei ao me
deslocar até onde tenho que ir.
A luz inunda a
Árvore, mas quem pode dizer-nos como?
O minúsculo verme
sobe por uma escada sinuosa;
Acordo para dormir, e
levanto-me num lento despertar.
A Grande Natureza tem
outra coisa a engendrar
Para ti e para mim,
assim que apreende o ar buliçoso,
E, encantadora,
aprende por ir até onde tem que ir.
Essa agitação me
mantém firme. Deveria sabê-lo.
Há constância no que
longe declina. E está próximo.
Acordo para dormir, e
levanto-me num lento despertar.
Aprendo ao me
deslocar até onde tenho que ir.
Referência:
ROETHKE, Theodore. The waking. In:
McCLATCHY, J. D. (Ed.). The vintage book
of contemporary american poetry. 2nd ed. New York, NY: Vintage Books (A Division of Random House Inc.), march 2003. p. 44-45.
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