Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Theodore Roethke - O Despertar ‎

Mais um enigmático poema, a sugerir um encontro com o paradoxo da vida humana: viver – ou acordar – leva-nos a níveis de consciência sempre mais elevados, sob as contingências do tempo que, mais à frente, dirige-nos à presença da morte – uma espécie de sono definitivo.

Talvez a forma elíptica do poema, com repetições de versos no avançar dos tercetos – claro está, à exceção da quadra derradeira –, queira sugerir o próprio ciclo da vida. E em sua narrativa, quiçá o poeta busque atenuar os seus temores, agitações, ansiedades sobre o futuro.

J.A.R. – H.C.

Theodore Roethke
(1908-1963)

The Waking

I wake to sleep, and take my waking slow.
I feel my fate in what I cannot fear.
I learn by going where I have to go.

We think by feeling. What is there to know?
I hear my being dance from ear to ear.
I wake to sleep, and take my waking slow.

Of those so close beside me, which are you?
God bless the Ground! I shall walk softly there,
And learn by going where I have to go.

Light takes the Tree; but who can tell us how?
The lowly worm climbs up a winding stair;
I wake to sleep, and take my waking slow.

Great Nature has another thing to do
To you and me, so take the lively air,
And, lovely, learn by going where to go.

This shaking keeps me steady. I should know.
What falls away is always. And is near.
I wake to sleep, and take my waking slow.
I learn by going where I have to go.

O despertar de um
mundo de pensamentos
(Mano Sotelo: pintor norte-americano)

O Despertar

Acordo para dormir, e levanto-me num lento despertar.
Sinto o meu destino no que não posso temer.
Aprendo ao me deslocar até onde tenho que ir.

Pensamos pelo sentimento. O que ali há por conhecer?
Escuto o meu ser dançar de um ouvido a outro.
Acordo para dormir, e levanto-me num lento despertar.

Desses que se encontram ao meu lado, qual é você?
Deus abençoe o Solo! Caminharei suavemente sobre ele
E aprenderei ao me deslocar até onde tenho que ir.

A luz inunda a Árvore, mas quem pode dizer-nos como?
O minúsculo verme sobe por uma escada sinuosa;
Acordo para dormir, e levanto-me num lento despertar.

A Grande Natureza tem outra coisa a engendrar
Para ti e para mim, assim que apreende o ar buliçoso,
E, encantadora, aprende por ir até onde tem que ir.

Essa agitação me mantém firme. Deveria sabê-lo.
Há constância no que longe declina. E está próximo.
Acordo para dormir, e levanto-me num lento despertar.
Aprendo ao me deslocar até onde tenho que ir.

Referência:

ROETHKE, Theodore. The waking. In: McCLATCHY, J. D. (Ed.). The vintage book of contemporary american ‎‎poetry. 2nd ed. New York, NY: Vintage Books (A Division of Random House ‎‎Inc.), march 2003. p. 44-45.

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