Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 5 de abril de 2018

François Coppée - Abril

Com o ano chegando ao final do primeiro quadrimestre, chega-se, no hemisfério norte, à estação mais colorida dentre todas, durante a qual voltam as andorinhas a povoar os céus e os dias ganham vivacidade: aí está a primavera, tão decantada pelos poetas!

E Coppée é um desses poetas, para quem a primavera significa, também, esperança, amor e promessas de um jardim repleto de desejos manifestos, explico-me melhor, enquanto metáfora das forças espirituais que se encontravam em hibernação, mas que agora rompem os seus casulos, partindo em busca de outras individualidades.

J.A.R. – H.C.

François Coppée
(1842-1908)

Avril

Lorsqu’un homme n’a pas d’amour,
Rien du printemps ne l’intéresse;
Il voit même sans allégresse,
Hirondelles, votre retour;

Et, devant vos troupes légères
Qui traversent le ciel du soir,
II songe que d’aucun espoir
Vous n’êtes pour lui messagères.

Chez moi, ce spleen a trop duré,
Et quand je voyais dans les nues
Les hirondelles revenues,
Chaque printemps, j’ai bien pleuré.

Mais, depuis que toute ma vie
A subi ton charme subtil,
Mignonne, aux promesses d’Avril
Je m’abandonne et me confie.

Depuis qu’un regard bien aimé
A fait refleurir tout mon être,
Je vous attends à ma fenêtre,
Chères voyageuses de Mai.

Venez, venez vite, hirondelles,
Repeupler l’azur calme et doux,
Car mon désir qui va vers vous
S’accuse de n’avoir pas d’ailes.

Cipreste
(Henri-Edmond Cross: pintor francês)

Abril

Só quem não ama, não sente
Da primavera a emoção,
Assistindo indiferente
Das aves à imigração;

E vendo o bando ligeiro,
Que no céu da tarde avança.
Não vê nele o mensageiro
Da mais ligeira esperança.

Assim meus dias corriam;
De outros céus a regressar,
As andorinhas me viam
Na primavera a chorar.

Mas desde que a minha vida
Teu domínio foi sentindo
De Abril, aos beijos, querida,
Abandonei-me sorrindo.

Des’que ao teu olhar, estrela,
Todo o meu ser floresceu
Eu vos espero à janela
Ó peregrinas do céu!

Povoai de novo a face
Do azul, fulgurosa e calma...
Se o meu desejo voasse!
Se eu asas tivesse n’alma!

(7 de maio de 1881)

Referência:

COPPÉE, François. Avril / Abril. Tradução de Raimundo Correia e Valentim Magalhães. In: ‎‎__________. Poesias completas de Raimundo Correia. Vol. II. Organização, prefácio e notas de Múcio Leão. São Paulo, SP: Companhia Editora Nacional, ‎‎1948. Em francês: p. 450-451; em português: p. 375-376.

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