Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Hermann Hesse - Linguagem ‎

Embora as palavras tenham os seus limites e apenas alcancem meros conceitos ou aproximações do que seja a realidade – ou melhor, a natureza em suas múltiplas manifestações –, por meio delas é que os poetas e escritores atingem, mediante suas obras, o reconhecimento público e os louros da arte literária.

São eles capazes de atribuir sentido a um mundo que, não raro, se mostra incompreensível ou desconexo: com simplicidade e clareza, afiança-nos Hesse, as metáforas de que lançam mão reorientam as linhas de força dentro de um campo ou domínio onde tudo passa a se mostrar mais congruente e sublime.

J.A.R. – H.C.

Hermann Hesse
(1877-1962)

Sprache

Die Sonne spricht zu uns mit Licht,
Mit Duft und Farbe spricht die Blume,
Mit Wolken, Schnee und Regen spricht
Die Luft. Es lebt im Heiligtume
Der Welt ein unstillbarer Drang,
Der Dinge Stummheit zu durchbrechen,
In Wort, Gebärde, Farbe, Klang
Des Seins Geheimnis auszusprechen.
Hier strömt der Künste lichter Quell,
Es ringt nach Wort, nach Offenbarung,
Nach Geist die Welt und kündet hell
Aus Menschenlippen ewige Erfahrung.
Nach Sprache sehnt sich alles Leben,
In Wort und Zahl, in Farbe, Linie, Ton
Beschwört sich unser dumpfes Streben
Und baut des Sinnes immer höhern Thron.

In einer Blume Rot und Blau,
In eines Dichters Worte wendet
Nach innen sich der Schöpfung Bau,
Der stets beginnt und niemals endet.
Und wo sich Wort und Ton gesellt,
Wo Lied erklingt, Kunst sich entfaltet,
Wird jedesmal der Sinn der Welt,
Des ganzen Daseins neu gestaltet,
Und jedes Lied und jedes Buch
Und jedes Bild ist ein Enthüllen,
Ein neuer, tausendster Versuch,
Des Lebens Einheit zu erfüllen.
In diese Einheit einzugehn
Lockt euch die Dichtung, die Musik,
Der Schöpfung Vielfalt zu verstehn
Genügt ein einziger Spiegelblick.
Was uns Verworrenes begegnet,
Wird klar und einfach im Gedicht:
Die Blume lacht, die Wolke regnet,
Die Welt hat Sinn, das Stumme spricht.

Unidade com a Natureza
(Leonid Afremov: pintor israelense)

Linguagem

O sol nos fala com luz; com cor
e com perfume nos fala a flor;
com nuvens, chuva e neve nos fala
o ar. Há no sacrário do mundo
um incontido afã de romper
com a mudez das coisas e expor
em gesto e som, em palavra e cor,
todo o mistério que envolve o ser.
A clara fonte das artes flui
para a palavra, a revelação;
para o mental flui o mundo, e aclara
em lábio humano um saber eterno.
Pela linguagem a vida anseia:
em verbo, cifra, cor, linha, som,
conjura-se a nossa aspiração
e um alto trono aos sentidos ergue.

Como na flor o vermelho e o azul,
na palavra do poeta volta-se
para dentro a obra de criação,
sempre a iniciar-se e a acabar jamais.
Onde palavra e som se combinam,
e soa o canto, a arte se revela,
e cada cântico e cada livro,
cada imagem, é uma descoberta
– uma milésima tentativa
de cumprimento da vida una.
A penetrar nessa vida una
vos chama a música, a poesia:
para entender a criação vária,
já é bastante um olhar no espelho.
O que confuso antes parecia,
é claro e simples na poesia:
a nuvem chove, a flor ri, o mudo
fala – o mundo faz sentido em tudo.

Referências:

Em Alemão

HESSE, Herman. SpracheIn: __________. Die gedichte. 2. Auflage. Zürich, CH: Fretz & Wasmuth Verlag Ag. Zürich, 1942. s. 359-360

Em Português

HESSE, Hermann. Linguagem. Tradução de Geir Campos. In: __________. Andares: antologia poética. Tradução e prólogo de Geir Campos. Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira, jan. 1976. p. 161.

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