Solano, um autor orgulhoso de suas
origens negras, afirma-se poeticamente polígamo neste poema, porque não lhe
basta uma musa apenas, mas muitas, porque elas não se reproduzem por aí, como
moedas no mercado: tudo uniformemente semelhante.
Com efeito, o poeta se diz sensível à
mutabilidade amorosa, ou seja, amor com uma só musa tem tudo para levar ao
enfado! Parece-lhe que a variação é mais do que necessária para que se alcancem
estados de inspiração os mais diversificados. Em suma: a poligamia criativa tem
seus méritos!
J.A.R. – H.C.
Solano Trindade
(1908-1974)
Poeticamente polígamo
Eu sou poeticamente
polígamo
Amo inumeráveis musas
e elas não são
iguais...
Cada uma oferece
um amor diferente
e eu sou sensível
à mutabilidade
amorosa...
Plasticamente
há grande variação
entre as amadas
e nos seus olhares
encontro inspirações
diversas
e nos seus corpos
diferentes perfumes
As mulheres
são como as flores e
os frutos
Em: “Amor à flor da
pele”
Raios de Sol
(Louis Janmot: pintor
francês)
Referência:
TRINDADE, Solano. Poeticamente
polígamo. In: __________. Poemas antológicos. Seleção e introdução de
Zenir Campos Reis. São Paulo, SP: Nova Alexandria, 2007. p. 125. (Coleção ‘Obras
Antológicas: poemas’)
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