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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 6 de junho de 2017

Solano Trindade - Poeticamente polígamo

Solano, um autor orgulhoso de suas origens negras, afirma-se poeticamente polígamo neste poema, porque não lhe basta uma musa apenas, mas muitas, porque elas não se reproduzem por aí, como moedas no mercado: tudo uniformemente semelhante.

Com efeito, o poeta se diz sensível à mutabilidade amorosa, ou seja, amor com uma só musa tem tudo para levar ao enfado! Parece-lhe que a variação é mais do que necessária para que se alcancem estados de inspiração os mais diversificados. Em suma: a poligamia criativa tem seus méritos!

J.A.R. – H.C.

Solano Trindade
(1908-1974)

Poeticamente polígamo

Eu sou poeticamente polígamo
Amo inumeráveis musas
e elas não são iguais...
Cada uma oferece
um amor diferente
e eu sou sensível
à mutabilidade amorosa...

Plasticamente
há grande variação
entre as amadas
e nos seus olhares
encontro inspirações diversas
e nos seus corpos
diferentes perfumes

As mulheres
são como as flores e os frutos

Em: “Amor à flor da pele”

Raios de Sol
(Louis Janmot: pintor francês)

Referência:

TRINDADE, Solano. Poeticamente polígamo. In: __________. Poemas antológicos. Seleção e introdução de Zenir Campos Reis. São Paulo, SP: Nova Alexandria, 2007. p. 125. (Coleção ‘Obras Antológicas: poemas’)

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