Andrade, vate equatoriano, associa a
tarefa poética ao drama vivenciado por São Sebastião, atravessado pela dor terrena
e pela energia cósmica, metáfora mesma do espírito humano, inteligência, imaginação
e consciência de sua mortalidade.
Cada poema investe contra a tela,
contra os mistérios do mundo, tecendo o texto com palavras, lídimos objetos
sonoros capazes de fazer surgir o inusitado a partir de sua “destruição
criadora”, antiga que seja como a Terra, mas do mesmo modo a fonte mais vetusta
de nosso deleite.
J.A.R. – H.C.
César Dávila Andrade
(1918-1967)
Profesión de Fe
No hay angustia mayor
que la de luchar envuelto
en la tela que rodea
la pequeña casa del
poeta durante la tormenta.
Además,
están ahí las moscas,
veloces en su
ociosidad,
buscando la sabor
adulterina
y dale y dale vueltas
frente a las
aberturas del rostro más entregado
a su verdadera
cualidad.
El forcejeo con la
tela obstructiva
se repliega en las
cuevas comunicantes del corazón
o dentro de la
glándula de veneno del entrecejo
cuyos tabiques son
verticales al Fuego
y horizontales al Éter.
Y la Poesía, el dolor
más antiguo de la Tierra,
bebe en los huecos
del costado de San Sebastián
el sol vasomotor
abierto por las
flechas.
Pero la voluntad del
poema
embiste
aquí
y
allá
la tela
y elige, a oscuras
aún, los objetos sonoros,
las riñas de alas,
los abalorios que
pululan en la boca del cántaro.
Pero la tela se encoge
y ninguna práctica
es capaz de renovar
la agonía creadora del
delfín.
El pez sólo puede
salvarse en el relámpago.
Monet pintando em seu
jardim em Argenteuil
(Auguste Renoir:
pintor francês)
Profissão de Fé
Não há angústia maior
que a de lutar envolvido
pela tela que rodeia
a pequena casa do
poeta durante a tormenta.
Ademais,
estão aí as moscas,
velozes em sua
ociosidade,
buscando o sabor
adulterino,
e dá-lhe e dá-lhe
voltas
em frente às
aberturas do rosto mais entregue
à sua verdadeira
qualidade.
O debater-se com a
tela obstrutiva
se retrai nas
cavidades comunicantes do coração
ou dentro da glândula
de veneno do sobrecenho
cujos septos são
verticais ao Fogo
e horizontais ao
Éter.
E a Poesia, a dor
mais antiga da Terra,
bebe nas perfurações
do flanco de São Sebastião
o sol vasomotor
aberto pelas flechas.
Porém a vontade do
poema
arroja-se
aqui
e
ali
e escolhe, às escuras
ainda, os objetos sonoros,
as rinhas de asas,
os avelórios que
pululam na boca do cântaro.
Mas a tela se encolhe
e nenhuma prática
é capaz de renovar
a agonia criadora do
delfim.
O peixe somente pode
salvar-se no relâmpago.
Referência:
ANDRADE, César Dávila. Profesión de fe.
In: BORDA, Juán Gustavo Cobo (Selección, prólogo y notas). Antología de la
poesía hispanoamericana. 1. ed. México, DF: Fondo de Cultura Económica,
1985. p. 197. (Colección Tierra Firme)
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