Um artista da palavra a descrever,
detalhadamente, aspectos visuais de obras de outro grande artista, neste caso,
das telas: temos aí a suma do que se passa neste breve poema, para o qual o
internauta conta ainda com o apelo das imagens de duas das obras mais
reproduzidas do pintor holandês.
Arles, ao sul, e Auvers, mais perto de
Paris, são duas comunas francesas onde Van Gogh se instalou e produziu grande
parte de sua obra, adotando-as como cenário, naquilo que de mais nitidamente
natural possuem.
J.A.R. – H.C.
Ponte de Langlois em
Arles
(Vincent van Gogh)
Van Gogh
See how the yellow
tide rolls the corn,
Blue winds bring the
storm,
The whirling suns
above the uneasy plain
Strike verticle the
centres of pain,
Where the harvest and
the trees and the hills
Writhe and swirl in
terrible curves,
No longer the
drawbridge at ArIes,
Or the kind
landscapes of Auvers;
For this the
sunflowers rehearse,
Still life before the
outline blurs,
Gathers itself closer
into burning bands
Of colour under the
child’s clenched hands
Searing the eyeballs.
Louder the bright
Beacon of death, the
raven’ flight
The dancing spots
upon the brain,
Than can no more endure
this midsummer of pain.
Câmara Municipal de
Auvers
(Vincent van Gogh)
Van Gogh
Veja como ondula o
amarelo mar dos trigais,
Os ventos azuis
transportando a tormenta.
Os sóis a girar por
cima da campina inquieta
Penetram verticalmente
os centros da angústia,
Onde a ceifa e as
árvores e as colinas
Contorcem-se e
voluteiam em terríveis curvas.
Já não se tem a ponte
levadiça em Arles,
Tampouco as paisagens
amáveis de Auvers;
Por isso os girassóis
submetem-se a ensaios,
Natureza-morta antes que
o esboço se esvaia,
A concentrar-se
estreitamente em faixas ardentes
De cor, sob os punhos
fechados da criança,
Queimando-lhe os
globos oculares. Mais alto,
O brilhante farol da
morte, o voo do corvo,
As dançantes manchas
sobre o cérebro,
Incapaz de ainda
suportar o angustioso verão.
Referência:
Atthill, Robin. Van Gogh. In: LEHMANN,
John (Org.). Poems from new writing: 1936-1946. With a foreword by John
Lehmann. 1st publ. London, EN: Purnelll and Sons Ltd., 1946. p. 82.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário